Perguntas sobre meditação 18: seguindo apenas um caminho

 

A espiritualidade é apenas uma matéria. Não é como história, geografia, ciências e matemática, para as quais você precisa de diferentes aulas. Ela é só uma matéria, e por isso é aconselhável caminhar por uma via. A Meta é uma e está num lugar em particular. Se mudarmos constantemente de estrada, então o nosso progresso naturalmente será lento. Hoje preferimos uma estrada e amanhã sentimos que existe uma outra que poderá nos levar mais rápido à Meta. Estamos apenas mudando de uma estrada para outra e não estamos fazendo progresso em nenhuma delas. Cada caminho é correto à própria maneira dele. Nenhum caminho é imperfeito. Mas temos de saber qual é o caminho que nos satisfaz mais. Uma vez que descobrimos o caminho da escolha da nossa alma, se caminharmos só por aquela via, atingiremos o nosso destino mais cedo do que de outra forma.

SriChinmoy Speaks 4, p. 60

 

 

Pergunta: Eu fui iniciado por um Mestre, mas outro Mestre me deu alguns conselhos sobre a minha vida espiritual. Devo seguir os conselhos dele?

 

Sri Chinmoy: Se você foi iniciado por um Mestre, é sempre melhor falar com o seu próprio Mestre. O Mestre é como o seu médico particular. O médico sabe qual remédio já deu a você. Mas se você sentir que ele não pode curá-lo, naturalmente irá a outro médico. De maneira semelhante, caso você não sinta confiança no seu Mestre e queira mudar, um outro Mestre será capaz de ajudá-lo e guiá-lo. Mas se você estiver sob a orientação de um Mestre espiritual, não será aconselhável seguir as recomendações de outro Mestre.

Palmistry, Reincarnation and the Dream State, p. 42

 

 

Se você tem um retrato bonito de um deus ou de uma deusa, pode usar essa imagem como inspiração. Mas se você se concentrar nela, meditar nela, haverá uma tremenda, tremenda confusão. Num dia você olhará para essa imagem e rezará, no dia seguinte rezará para uma outra deusa, no terceiro dia para outra pessoa e no quarto dia para mim. Então eu ficarei desamparado. Portanto, sempre digo aos meus queridos discípulos para se fixarem em mim assim como eu me fixo neles a todo o momento. Você pode ter outras imagens inspiradoras caso deseje, mas não para uma outra finalidade.

Dependence and Assurance, p. 8

 

 

Pergunta:Guru, às vezes recito o Mantra Gayatri, embora eu seja um discípulo seu. Estou fazendo a coisa certa?

 

Sri Chinmoy: Se estiver fazendo o Mantra Gayatri, ele será muito eficiente. Mas se usar um outro mantra, dado por um outro Mestre, e se você estiver seguindo o meu caminho, então será um problema. Se for um outro mantra, você não tem idéia do que ele fará. Talvez até seja uma palavra espiritual, é verdade, mas a sua natureza pode não corresponder àquele aspecto particular de Deus.

Cada mantra representa um aspecto particular de Deus. Se agora mesmo você precisar do poder-Amor de Deus mais do que de qualquer outro poder, e se não der nenhuma atenção ao poder-Amor, então o seu progresso será muito lento. Mas uma vez que realiza Deus, todos os aspectos Dele entram em você. Freqüentemente eu digo aos discípulos que aceitaram o nosso caminho para não praticarem os antigos mantras que aprenderam de outros Mestres ou de livros. Esses mantras se tornam uma obstrução no caminho. Os discípulos querem ser totalmente devotados ao nosso caminho; mas as forças e a energia que eles criaram ao repetir essas determinadas palavras divinas podem interferir no progresso espiritual deles. É como caminhar por duas estradas ao mesmo tempo: é muito perigoso.

 

 

Pergunta:Antes de ser um discípulo, eu estava estudando Tarô e a Cabala. Isso entrará em conflito com o nosso caminho caso continue a fazê-lo?

 

Sri Chinmoy: O melhor é não fazer essas coisas. Você está num barco diferente, num barco que somente o encorajará a amar a Deus e a devotar a sua existência a servir a Deus. O melhor é tentar seguir o nosso caminho com o coração. Eu não quero dizer que os outros estão errados, mas você terá mais sucesso neste caminho se procurar segui-lo com o coração.

Sri Chinmoy Speaks 6, p. 43

 

 

Existe só um Mestre e este Mestre é Deus, o Absoluto Supremo. Um Mestre espiritual é apenas um irmão mais velho na sua família. Os irmãos mais novos não sabem onde o Pai está ou eles não sabem tudo sobre as capacidades do Pai. O irmão mais velho ensina-os sobre as capacidades do Pai ou leva-os ao Pai. Então a parte dele terminou. Portanto, não haverá conflito se você seguir o meu caminho porque eu não sou a meta. Sou apenas um mensageiro: levarei você ou a sua mensagem ao Supremo.

Se eu disser que o meu Hinduísmo é, de longe, a melhor religião, e se você disser que o seu Cristianismo é, de longe, a melhor religião, nós só discutir e brigar. Mas dizemos: “Não, você continua na sua religião e me deixa continuar na minha, e vamos nos juntar para fazer alguma coisa maravilhosa para Deus e para a humanidade”. Nós nos juntaremos e faremos o necessário. Então voltaremos às nossas respectivas casas, nossas religiões, para descansarmos.

Quando seguimos um caminho, não encorajamos nenhum buscador a olhar com desprezo a religião. Pelo contrário: sentimos que o nosso amor pela religião é fortalecido porque seguimos o Yoga. Yoga significa unicidade com Deus. Se pudermos estabelecer a nossa unicidade com Deus, ou se pudermos ter um livre acesso ao Coração de Deus, poderemos acrescentar nossa força, nossa luz, à nossa própria religião. Mas virá um dia em que conseguiremos luz do interior, quando o nosso ser estiver repleto de luz. Nesse momento seremos capazes de oferecer luz à religião.

SriChinmoy Speaks 6, p. 42-43

 

 

Pergunta:Que atitude deveríamos tomar em relação a religiões diferentes da nossa?

 

Sri Chinmoy: Assim como Deus nos deu uma livre escolha para seguir qualquer caminho, devemos dar liberdade aos outros para seguirem o caminho deles. Existem dezenas de estradas que levam a Deus. Cada indivíduo tem o direito de escolher aquele que seja condizente com o seu temperamento, o seu grau de evolução e as suas necessidades presentes. Aceitação e tolerância são excelentes. Entretanto, podemos ir até mesmo mais adiante, e sentir que a religião de outra pessoa é tão importante, tão necessária para ela, quanto a nossa é para nós.

É verdade que, quando estamos numa família, é muito difícil de se governá-la quando todo mundo está num caminho diferente. E existe uma grande tentação em dizer: “Você é um tolo, está perdendo o seu tempo naquele caminho”. Mas devemos dar a cada pessoa a liberdade interior de escolher o caminho dela.

Ao mesmo tempo, temos o direito de inspirar os outros com o nosso entusiasmo e devoção ao nosso caminho. Mas se eles não são receptivos, se discutem conosco, é melhor oferecer-lhes a nossa luz silenciosamente e interiormente. À noite, quando todos estão dormindo e numa consciência pacífica, podemos colocar toda a nossa aspiração mais doce e mais pura na consciência daquele que queremos influenciar. Agindo silenciosamente, podemos ajudar a trazê-lo ao nosso caminho, o qual sentimos ser o melhor para ele.

Você deveria seguir firmemente o seu próprio caminho, e não se preocupar em apertar a mão de outra religião, até que você e a outra pessoa tenham chegado à meta. Se você vai àquele e àquele outro templo, àquela e àquela outra igreja, nunca fará progresso. Você deve escolher um caminho e segui-lo até o fim. Então você poderá apertar a mão de seguidores de outros caminhos. Se tentar apertar a mão no meio do caminho, será tentado a quebrar os braços dos outros.

Aum, March 1980, p. 25-26

 

 

Pergunta: Venho tendo experiências telepáticas com pessoas que se chamam de mágicos. Converso com eles enquanto estão em outros lugares. Posso entrar nesse reino quando quiser. Estou curioso em saber como você responderia a essas experiências.

 

Sri Chinmoy: Do mais elevado ponto de vista espiritual eu gostaria de responder à sua questão. Essas experiências o ajudarão a ir mais rápido em direção à sua meta? Não, não ajudarão. Essas experiências são fascinantes, indubitavelmente, mas nunca o levarão à realidade. Pelo contrário: elas são tentações noseu caminho para a realização em Deus, a elevadíssima Verdade. Em nossa vida espiritual, muitas vezes temos experiências fascinantes e não queremos mais aspirar. É verdade que essas experiências podem nos incentivar, mas muitas vezes, quando temos experiências demais, entramos no mundo vital. Vemos um caleidoscópio: vemos todos os tipos de coisas belas, mas elas são só tentações. Suponha que você esteja andando por uma rua em direção a um lugar específico. Se vê árvores, flores e lagos bonitos pela rua, o que acontece? O cenário é tão bonito que você acaba descansando. Você diz: “Deixe-me ficar aqui e apreciar isso,” e então para e aprecia a paisagem. Mas o seu destino permanece uma meta distante.

Um buscador sincero sabe que a meta dele é a Verdade mais elevada. Ele não adiará a jornada. Mas, no seu caso, posso ver que você aprecia essas experiências; você dá a elas a sua atenção consciente. Isso é muito errado. Na vida espiritual, aspiramos pela mais alta Verdade, por Deus, e por nada mais. Essas experiências são verdadeiras tentações para você. Você deveria sentir: “Tendo realizado Deus, terei experiências infinitamente mais belas, significantes e frutíferas”. Com essa idéia, você deveria deixar de lado essas experiências telepáticas. Se sente que entrando nessas experiências ou permitindo que elas entrem em você, acalentando-as, conseguirá experiências mais elevadas, está enganado. Você não irá nem um pouco mais adiante. Se insistir nelas a toda hora, se estiver constantemente fascinado por elas e sentir que é parte delas, será pego por essas experiências. Muitas pessoas cometeram esse engano, e para elas a realização em Deus permaneceu uma meta distante.

Buscadores sinceros tomam essas experiências como obstruções no caminho. Por favor, não dê atenção a esses tipos de experiências. Elas são fascinantes, mas não estão satisfazendo a sua vida de dedicação, realização e manifestação. De manhã cedo, tente silenciar a sua mente. Se conseguir silenciar a sua mente, não terá essas experiências. Elas estão vindo do mundo vital até você. Você está acalentando essas criações do mundo vital e tentando colocá-las à sua disposição, como se fossem muito suas. Mas elas não podem levá-lo à Meta mais elevada. Se a sua intenção é o Altíssimo, então essas coisas têm de ser descartadas. Quero que você vá até alguém que o inspire a entrar no reino da pura aspiração. Você será capaz de trazer à tona a luz da sua alma e correr o mais rápido possível em direção à Meta mais elevada.

Fifty Freedom-Boats to One Golden Shore 6, p.71-73

 

 

Pergunta: Agora mesmo estou num tratamento de psicanálise, mas parece que, quanto mais fico envolvido com a espiritualidade, mais difícil me é falar sobre ela com o meu analista. Sinto que as coisas oferecidas pela psicanálise não são realmente o que eu quero. E, ainda assim, o meu analista, que me parece ser uma pessoa muito forte, está relutante em me deixar ir embora. E não sei se existe alguma possibilidade de reconciliação entre eu e ele.

 

Sri Chinmoy: Se um amigo seu vem e lhe dá uma manga deliciosíssima, você comerá imediatamente a manga ou fará um milhão de perguntas a ele: onde ele a conseguiu, quanto ela custou e se ela foi importada ou cresceu no Brasil? Na vida espiritual, existem dois tipos de buscadores. Um apenas verá a realidade e imediatamente tentará se tornar a própria realidade. O outro imediatamente começará a contestar a realidade, examinar a realidade e duvidar da realidade. Se usarmos a mente, tentaremos sempre analisar tudo e nunca experimentaremos a realidade. Mas, se usarmos o coração, conseguiremos imediatamente aquilo que queremos.

Portanto, se você realmente quer seguir a vida espiritual, tem de permanecer no coração. Então, essa psicanálise mental não terá nenhuma utilidade. Você já sente que ela não lhe oferece o que quer. Se você tem uma pergunta sincera, só existe um lugar em que se consegue a melhor resposta e ela é da alma. A alma responderá a você através do coração. De outra maneira, não importa que tipo de resposta obtenha, seja da sua própria mente ou do seu psicanalista, a sua mente vai duvidar e contradizê-la. Ela vai contradizer todas as sugestões e todos os conselhos e, alguns segundos depois, duvidará da própria descoberta. Mas quando o coração dá uma resposta a você, a realidade é permanente.

SriChinmoy Speaks 7, p. 44-46