Oração formal ou espontânea?

Quando oramos, podemos repetir uma oração formal, com palavras fixas, ou então buscar no nosso eu interior por uma oração pessoal, espontânea. Qual das duas é melhor?

Algumas das vantagens da oração formal que você recebeu do seu Mestre espiritual é a disciplina – você sabe que a oração está lá – e a precisão – você sabe que a oração está correta, pois veio de um Mestre espiritual verdadeiro que alcançou a iluminação. Você pode recitar a oração todos os dias, ou várias vezes no dia, como um verdadeiro mantra. Ela é um texto fixo, que você decora e repete. Você exercita a sua regularidade, intensidade, aspiração e obediência.

Orações formais – exemplos:

“Meu Senhor Absoluto Supremo,

Não permita que eu esqueça dos Seus Pés.

Não permita que eu esqueça do Seu Olho.

Não permita que eu esqueça da Sua Mensagem.

Não permita que eu esqueça do Seu Sonho.

Em minha vida e em minha morte,

Ó Senhor do meu coração,

Aceite essa devotada oferenda.

Mey Senhor, não permita que eu esqueça de Você.

Não permita que eu esqueça de Você, não permita.”

Ou do Cristo:

“Pai nosso que estais nos céus

Santificado seja o vosso nome

Venha a nós o vosso reino

Seja feita a vossa vontade

Assim na terra como no céu

O pão nosso de cada dia nos dai hoje

Perdoai as nossa ofensas

Assim como nós perdoamos

A quem nos tem ofendido

E não nos deixeis cair em tentação

Mas livrai-nos do mal, amém.”

A desvantagem da oração fixa é que, ao se descuidar, você pode acabar fazendo ela mecanicamente, sem sentimento interior, o que diminui o seu valor.

Já a oração espontânea você verbaliza de acordo com a sua busca, com o seu anseio naquele momento. O importante é o sentimento de necessidade de proximidade com o Supremo. Um exemplo muito famoso é a oração do Cristo: “Seja feita não a minha, mas a Vossa Vontade.”

A vantagem é que essa oração pode ser mais sincera, mais devotada, mais pessoal. Já as desvantagens são que ela pode ser egoísta, vaidosa ou inadequada, pois reflete o seu estado completo no momento e ainda não alcançamos a iluminação. O fato de não ser uma forma fixa também pode contribuir para que você não a faça regularmente, diariamente.

Não é possível para um mero buscador saber qual forma é melhor em cada caso. Na dúvida, faça ambas, e faça a oração formal mesmo sem compreendê-la completamente, por obediência – assim como vamos para a escola obrigados pelos pais e sem saber exatamente por que é importante ir para a escola. Depois de anos, perceberemos a importância de termos sido disciplinados pelos nossos pais – eles possuem mais sabedoria.

If our prayer and meditation are informal, this does not mean they are bad. But at the beginning of our spiritual life we will never get intensity from anything that is informal. When we talk informally or mix with anybody informally, we may get real pleasure, but there is no intensity. Only if one has intensity will he get real joy. Informal things, especially if they are inner, will automatically be relaxed because they will find no focus, no energy, nothing to help them stay for a longer time. There is no abiding life in them. The forms of ritual will give them a firm foundation to rest on.

These so-called rituals are of supreme necessity in the beginning, because the physical mind has to be convinced. A day will come when the physical will be fully convinced. Then the seeker will deal directly with the soul and will become part and parcel of the consciousness of the soul. His inner intensity will be spontaneous and constant. At that time, he will not need any rituals.

If there is intensity, one will see the source and the goal. Intensity is like a bullet that comes from this specific place and goes to that specific place with a positive force and direction. When there is no intensity, one’s prayer cannot reach its goal. The best thing to do when praying is to be very formal and systematic, to have a purpose and a pattern. But one also has to remember that when prayer is too formal it is in danger of becoming mechanical.

Sri Chinmoy, Prayer-world, mantra-world and japa-world, Agni Press, 1974