Dicas para meditação 40 – não exagere

No começo, por favor, não fique perturbado se não conseguir meditar bem. Só Deus sabe quantos anos de prática alguém deve ter para se tornar um pianista muito bom. Se um ilustre pianista pensa no seu próprio nível quando começou a tocar, ele vai rir. É por meio do progresso gradual que ele atingiu o patamar atual na música. Também na vida espiritual, não se preocupe no começo se achar difícil meditar. Não empurre nem puxe. Dez minutos de manhã cedo são o suficiente.

Se meditar todos os dias, será capaz de fazer progresso na sua vida interior. Mas você tem de sentir que não pode comer uma refeição deliciosa todos os dias. Hoje, talvez você coma um prato muito delicioso. Então, por três ou quatro dias pode comer um alimento muito simples. Contanto que esteja comendo e arranjando um alimento nutritivo, saberá que está mantendo o seu corpo. Portanto, se tiver uma boa meditação num dia e no dia seguinte não conseguir uma meditação boa, não se sinta mal. Na vida espiritual, o seu negócio é meditar e meditar. Se num dia você não conseguir meditar muito bem ou de acordo com a sua satisfação, por favor, sinta que em algum outro dia o Senhor Supremo vai lhe dar de novo a oportunidade, a inspiração e a aspiração para meditar extremamente bem. Todavia, se você se sentir perturbado ou irritado, vai perder a oportunidade de meditar bem no futuro. A melhor coisa é ficar bem calmo, quieto e firme na sua vida espiritual. Você será capaz de meditar bem e a sua meditação será da mais alta categoria.

-Sri Chinmoy, Dependence and Assurance, p. 10-11

 

Pergunta: Recentemente, ao meditar, tenho tido sensações dolorosas. São ataques de forças não-divinas?

Sri Chinmoy: Não são forças erradas. Não são não-divinas no seu caso. São forças divinas, mas infelizmente você as está puxando muito além da sua capacidade. Seu receptáculo interior não é largo o suficiente para conter as forças que você está trazendo para baixo. É por isso que está tendo essas sensações dolorosas. De outro modo, haveria um fluxo suave, contínuo.

Ao meditar, por favor, sinta que a meditação não é a atitude de um glutão. Quando somos glutões, queremos devorar tudo. Nos tornamos devoradores vorazes e depois ficamos com dor de estômago. Na vida espiritual, temos de ir de maneira vagarosa, firme e sensata. Quando oramos e meditamos, em primeiro lugar precisamos saber da nossa capacidade. Aqui não estamos nos desencorajando. Se eu souber que a minha capacidade é correr cem metros, então vou correr cem metros por alguns dias ou alguns meses ou até mesmo, se a necessidade exigir, por alguns anos. Mas se eu tiver a capacidade de correr só cem metros e de repente quiser correr 400 metros, naturalmente vou desabar. Vou completar a corrida com uma enorme dificuldade e então vou cair. Simplesmente me arruinarei.

Aqui também, ao meditarmos temos de saber por quanto tempo podemos meditar com toda a alma: se por cinco, dez, quinze ou vinte minutos. Depois desse período, podemos ter um tipo de cobiça inconsciente. Se sentirmos que podemos conseguir tudo numa só noite, vamos todos virar almas realizadas em Deus. Mas esse tipo de avidez será a causa da nossa queda.

Ao orarmos e meditarmos, temos de saber da nossa capacidade: quanto podemos nos esforçar e quanto amor, devoção e entrega com toda a alma temos por Deus. Uma criancinha tem uma certa força. No entanto, ela não sabe que, quando puxa algo grande para baixo, imediatamente isso cai e quebra as suas mãos e os seus braços. Assim como a criança, estamos puxando para baixo alguma coisa bastante pesada. É pesada no sentido de que tem um enorme poder. E aonde é que vai esse poder que você invocou? Naturalmente, esse poder é bom, mas por causa da sua imensidade, não poderá permanecer dentro de você. Você não está em condições de abrigar esse poder.

Ao meditar de manhã, por favor, sinta a necessidade de ver a sua capacidade. Você agora está em condições de comer apenas três fatias de pão. Se vir que alguém ao seu lado está comendo seis fatias de pão, vai pensar: “O que há de errado comigo? Por que é que não posso comer seis fatias?” Mas deixe-o comer as seis fatias se ele tem a capacidade. Talvez haja alguém ao seu lado que não consiga comer sequer uma fatia. Ele pode pegar só meia fatia de pão. Assim, de acordo com sua capacidade, de acordo com sua fome interior, você vai tentar satisfazer a si mesmo. De acordo com a capacidade dos outros, eles vão fazer a mesma coisa. Portanto, as forças de que você está falando não são não-divinas. São forças divinas, mas o problema surge porque você está tentando puxá-las além da sua capacidade.

Palmistry, Reincarnation and the Dream State, p. 25-27