by Patanga Cordeiro | Jun 23, 2022 | Histórias, Histórias pessoais - diário

Dezoito anos atrás eu estava me recuperando de um ferimento num dos ossos das pernas e não estava fazendo exercício nenhum, pois acreditava que não conseguiria mais. Eu era um bom rapaz, que não fazia nada de mal, mas também não fazia nada muito significativo ou frutífero. Minha vida era meio vazia. Num daqueles dias, eu fui num curso gratuito de meditação. O palestrante tinha levado uma foto do seu Mestre espiritual, Sri Chinmoy. Em dado momento do curso, parei de prestar atenção no que se falava e comecei a olhar para a foto. Parecia que ela retornava o olhar para mim, um olhar sério – como se aquele Mestre tivesse responsabilidade por mim, como se a minha vida e meu progresso fosse responsabilidade dele também. Foi algo que nunca esqueci.
Alguns meses depois, me tornei discípulo dele e também passei a meditar diariamente. Uma das coisas que Sri Chinmoy considera essencial para um buscador espiritual que deseja fazer progresso é o esporte, e deixou exemplo correndo inúmeras maratonas e ultramaratonas. Um dos seus lemas é “Run and become, become and run.” Ele ensina que o esporte é fundamental para termos saúde, purificar nossas emoções e trazer determinação, luminosidade e espontaneidade para o físico e mental. Com isso, a sua prática intrinsecamente espiritual de meditação e oração também se beneficia, pois o instrumento (que é você todo, todas as suas partes do ser) está em boas condições. Lembro que bem no dia que recebi a notícia de que tinha sido aceito, eu fiquei tão inspirado que saí para correr pela primeira vez, já que era a recomendação do Mestre.
Passados uns dez anos, tive um caso de dengue muito sério. Não conseguia me recuperar. Todos os dias eu ficava muito fraco, a ponto de querer perder a consciência. Nenhum médico conseguia descobrir o que era. Depois de meses e anos piorando gradualmente, no trabalho (eu era obrigado a ir, por não ter diagnóstico), eu lembro que queria muito desmaiar, para não precisar mais ficar resistindo. Nos dias não tão ruins, eu pensava “Vou tentar viver só mais uma semana.” Nos dias ruins, pensava “Vou tentar viver só mais amanhã.”
Em 2013, um médico de ayurveda pegou o meu pulso e viu tudo o que acontecia. Ele recomendou que eu me mantivesse fisicamente ativo durante o dia, por mais difícil que fosse. Eu já tentava correr o quanto eu conseguia de manhã, que era quase nada, mas adicionei pausas no trabalho para subir e descer escadas, etc. Não pareceu adiantar. Até que um dia fiquei sabendo da corrida que o meu Mestre (sim, ele novamente) havia criado em em Nova Iorque, com opção de seis ou de dez dias de duração. (Isso mesmo, você corre por até dez dias dentro de um parque, como se fossem dez corridas de 24h uma em seguida da outra.) Eu pensei, “vou ficar fisicamente ativo bastante tempo se fizer essa corrida!” Eu já não tinha mais nenhuma ideia do que fazer e estava piorando ainda. Eu me inscrevi para a corrida de dez dias. Foi a decisão de investir a minha vida inteira naquele único momento. Se não desse certo e fosse a minha última aventura por aqui, muito bem! – pelo menos eu haveria tentado tudo.
Alguns me perguntaram porque eu comecei com a corrida de dez dias, ao invés da de seis. Um dos motivos é que eu havia perdido o medo de tudo. Outro é porque não achava que haveria diferença treinar para correr seis ou dez dias. (O que você faria de diferente se fosse “treinar” (se é que é possível) para correr seis dias e se fosse para treinar para dez dias?)
Durante a corrida, as experiências acontecem de hora em hora. Tive muitos problemas biomecânicos – pés, joelhos, costas, canela. Sempre tinha que me adaptar, cortar os tênis para dar espaço para os pés inchados, cuidar de bolhas, etc. Mas o fato é que nem tudo tem conserto. Já no meu segundo dia, depois de uma pausa, pensei “Isto aqui não é para mim. Isto aqui é para atletas, etc. Eu não sou ninguém.” Chega uma hora, onde o cansaço, os ferimentos, a dor, a dúvida de si, tudo isso se junta, e não há algo que você possa fazer para resolver. Só há duas estradas. Desistir, ou continuar.Neste exato momento, você tem que ficar mais forte do que é, ou então desistir.
Felizmente, diversas vezes pude cantar com o poeta: “Duas estradas divergiram num bosque, e eu – eu tomei a estrada menos viajada. Isso fez toda a diferença.”
São coisas que vêm de dentro de nosso do nosso coração espiritual. Sinto que foi a prática diária de meditação que me deixou aberto para essas experiências. Eu era muito fechado para tudo, minha vida era mecânica; quando comecei a meditar com dezenove anos, minha vida era só o andar dos ponteiros do relógio e o que mais aparecesse no dia a dia da faculdade. Não tinha um propósito maior.
Já, na corrida, por mais que pareça impossível, inflamações que me deixariam de cama por dias (e não me deixariam sair para correr cinco minutos) passaram a ser meros inconvenientes, e eu corria três, seis, dez, doze horas em cima delas. Correndo dois ou três dias por cima de um machucado, o seu corpo muda algo na forma de reagir, e o problema passa. Provavelmente um médico me recomendaria semanas de descanso para recuperar. Mas o problema se cura com doze horas de corrida e muito pouco sono! Algumas experiências como a canelite, que foi a mais terrível, fez com que, primeiro sentisse toda a pena de mim. Lembro de sentar-me no meio fio e ficar vários minutos parado, criando coragem para encarar a dor caminhar mais dez metros até a minha barraca para descansar de fato. Depois de um tempo, aceitei a experiência num nível mais alto, enfrentei-a e, para a minha surpresa, a dor imediatamente diminuiu muito.
Depois de uns seis dias, minhas pernas estavam ficando mais fortes (sem descanso algum), e comecei a correr mais rápido. Comecei a comer menos. Comecei a dormir menos. Parecia que o corpo estava funcionando com base em outras leis que não vivenciamos no nosso cotidiano de acorda-trabalho-escola-dorme.
Desafios exclusivamente psicológicos também acontecem. Num dos dias, acho que esqueceram de contar uma ou duas voltas minhas na pista do parque. Minha mente se revoltou. Mas eu sabia que não estava lá pela quilometragem. Para mim, era algo exclusivamente entre eu e algo maior, um destino aonde precisava chegar. Mas, ainda assim, os pensamentos me mordiam: “Eles esqueceram!” Depois de muitas horas insistindo com a mente, um vai-e-volta constante, dizendo que nada daquilo importava de fato, ela por fim se rendeu. Tive uma experiência incrível! Fiquei livre daquele fardo e estava correndo como uma criança que brincava num parque! Nunca mais tive esse problema!
Mais no final da corrida, pelo sétimo dia, tudo era um paraíso. Eu enxergava mais cores nos pássaros. Eu sorria mais sinceramente. Eu me identificava com as pessoas. Eu sentia algo genuíno pelos ajudantes voluntários organizando a corrida. Sorria com sinceridade para eles, para encorajá-los, pois também estavam fazendo algo difícil. O mundo ficou muito maior, mais belo e, ao mesmo tempo, cabia muito mais coisas dentro do meu coração. Essa não foi uma experiência que acabou depois de algumas horas. Ela ficou para sempre dentro de mim.
Cada dia nessa corrida parecia uma semana. Acho que é por causa do progresso que fazemos. Aprendemos tantas coisas, temos de nos tornar tão mais fortes de um momento para o outro, que a sensação é a de anos de aprendizado.
Alguns dias depois da corrida, comecei a ficar mais forte. As crises de fraqueza começaram a diminuir em intensidade e regularidade. Tive esperança novamente. Depois de um ano, comecei a ficar fraco de novo, mas repeti a corrida nos anos seguintes, com melhoras evidentes. Hoje, quase tudo já passou – o que ficou mais foram as memórias.
Até hoje, já fiz essa corrida oito vezes, e ano que vem a farei novamente! Tudo começou naquele dia, no curso de meditação.
Se você acredita que correr dez dias é incrível (e estaria certo), já ouviu falar da corrida de 5000km? O tempo limite é 52 dias, mas você precisa fazer quase 100km por dia em média para terminar nesse tempo.
Corrida Sri Chinmoy de 10 dias
um poema em três partes descrevendo a minha experiência na primeira corrida de 10 dias que fiz.
Infernos – preâmbulo
Vida fraca,
vontade esvai,
corpo fraqueja,
a mente entrega –
é o início do encontramento:
Treino,
barreiras,
provas.
Purgatório
Dez dias
correndo
sofrendo
doendo
sorrindo
caminhando
continuando
amando.
Calçados cortados,
fracasso cortado
tempo cortado
morte cortada
Campos Elíseos
Sétimo dia.
O céu, o lago, flores de grama
os campos elíseos.
Penas do pássaro negro
mostrando cores arco-íris.
Se é sonho
ou realidade,
o sonho-realidade é mais real
juntando duas realidades
num sonho só.
Dez dias.
Gratidão,
coragem
e fé.
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 22, 2022 | Dicas para meditação

Dicas para meditação 40 – não exagere
No começo, por favor, não fique perturbado se não conseguir meditar bem. Só Deus sabe quantos anos de prática alguém deve ter para se tornar um pianista muito bom. Se um ilustre pianista pensa no seu próprio nível quando começou a tocar, ele vai rir. É por meio do progresso gradual que ele atingiu o patamar atual na música. Também na vida espiritual, não se preocupe no começo se achar difícil meditar. Não empurre nem puxe. Dez minutos de manhã cedo são o suficiente.
Se meditar todos os dias, será capaz de fazer progresso na sua vida interior. Mas você tem de sentir que não pode comer uma refeição deliciosa todos os dias. Hoje, talvez você coma um prato muito delicioso. Então, por três ou quatro dias pode comer um alimento muito simples. Contanto que esteja comendo e arranjando um alimento nutritivo, saberá que está mantendo o seu corpo. Portanto, se tiver uma boa meditação num dia e no dia seguinte não conseguir uma meditação boa, não se sinta mal. Na vida espiritual, o seu negócio é meditar e meditar. Se num dia você não conseguir meditar muito bem ou de acordo com a sua satisfação, por favor, sinta que em algum outro dia o Senhor Supremo vai lhe dar de novo a oportunidade, a inspiração e a aspiração para meditar extremamente bem. Todavia, se você se sentir perturbado ou irritado, vai perder a oportunidade de meditar bem no futuro. A melhor coisa é ficar bem calmo, quieto e firme na sua vida espiritual. Você será capaz de meditar bem e a sua meditação será da mais alta categoria.
-Sri Chinmoy, Dependence and Assurance, p. 10-11
Pergunta: Recentemente, ao meditar, tenho tido sensações dolorosas. São ataques de forças não-divinas?
Sri Chinmoy: Não são forças erradas. Não são não-divinas no seu caso. São forças divinas, mas infelizmente você as está puxando muito além da sua capacidade. Seu receptáculo interior não é largo o suficiente para conter as forças que você está trazendo para baixo. É por isso que está tendo essas sensações dolorosas. De outro modo, haveria um fluxo suave, contínuo.
Ao meditar, por favor, sinta que a meditação não é a atitude de um glutão. Quando somos glutões, queremos devorar tudo. Nos tornamos devoradores vorazes e depois ficamos com dor de estômago. Na vida espiritual, temos de ir de maneira vagarosa, firme e sensata. Quando oramos e meditamos, em primeiro lugar precisamos saber da nossa capacidade. Aqui não estamos nos desencorajando. Se eu souber que a minha capacidade é correr cem metros, então vou correr cem metros por alguns dias ou alguns meses ou até mesmo, se a necessidade exigir, por alguns anos. Mas se eu tiver a capacidade de correr só cem metros e de repente quiser correr 400 metros, naturalmente vou desabar. Vou completar a corrida com uma enorme dificuldade e então vou cair. Simplesmente me arruinarei.
Aqui também, ao meditarmos temos de saber por quanto tempo podemos meditar com toda a alma: se por cinco, dez, quinze ou vinte minutos. Depois desse período, podemos ter um tipo de cobiça inconsciente. Se sentirmos que podemos conseguir tudo numa só noite, vamos todos virar almas realizadas em Deus. Mas esse tipo de avidez será a causa da nossa queda.
Ao orarmos e meditarmos, temos de saber da nossa capacidade: quanto podemos nos esforçar e quanto amor, devoção e entrega com toda a alma temos por Deus. Uma criancinha tem uma certa força. No entanto, ela não sabe que, quando puxa algo grande para baixo, imediatamente isso cai e quebra as suas mãos e os seus braços. Assim como a criança, estamos puxando para baixo alguma coisa bastante pesada. É pesada no sentido de que tem um enorme poder. E aonde é que vai esse poder que você invocou? Naturalmente, esse poder é bom, mas por causa da sua imensidade, não poderá permanecer dentro de você. Você não está em condições de abrigar esse poder.
Ao meditar de manhã, por favor, sinta a necessidade de ver a sua capacidade. Você agora está em condições de comer apenas três fatias de pão. Se vir que alguém ao seu lado está comendo seis fatias de pão, vai pensar: “O que há de errado comigo? Por que é que não posso comer seis fatias?” Mas deixe-o comer as seis fatias se ele tem a capacidade. Talvez haja alguém ao seu lado que não consiga comer sequer uma fatia. Ele pode pegar só meia fatia de pão. Assim, de acordo com sua capacidade, de acordo com sua fome interior, você vai tentar satisfazer a si mesmo. De acordo com a capacidade dos outros, eles vão fazer a mesma coisa. Portanto, as forças de que você está falando não são não-divinas. São forças divinas, mas o problema surge porque você está tentando puxá-las além da sua capacidade.
Palmistry, Reincarnation and the Dream State, p. 25-27
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 21, 2022 | Aforismos e poemas para meditação
Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy
Porque não tenho período de seca
Na minha vida espiritual.
Minha mente é uma grande faladora,
Mas meu coração é um ótimo
Buscador-Deus e amante-Deus.
De uma vazia e inútil frustração.
Apesar de Você ter me perdoado,
Por favor, dê-me a capacidade
De perdoar meus erros tolos.
Eu era apenas um amante-Deus.
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 20, 2022 | Histórias, Histórias pessoais - diário, Vídeos para meditar
Um singelo olhar do meu Senhor Supremo me traz uma felicidade inimaginável.
-Sri Chinmoy
Nos dias passados eu estava muito inquieto, irritado, vazio. Em parte acredito ser por estar trabalhando mais e, ainda por cima, no computador quase que exclusivamente. Sinto que o computador deixa a mente ativa e, por não ter equilíbrio suficiente, ela acaba desestabilizando todo o resto do ser. Outro motivo é que me machuquei e fiquei uns dois ou três dias sem correr. Pode haver outros motivos que não soube dizer.
Chegou a quarta-feira que é o dia de meditação do nosso Centro. Durante, eu já senti alguma coisa que não sabia dizer o que era mudando, como se fossem bons presságios. Ao final, assistimos um vídeo de Sri Chinmoy numa meditação pública. Eu me senti como se estivesse lá presente, naquela hora, naquele lugar da meditação. Sri Chinmoy se virava para diferentes partes da plateia, e eu conseguia sentir o seu olhar passando por mim, assim como acontecia quando eu o via pessoalmente antes. Seu olhar silencioso abriu portas interiores, assim como acontecia antes.
Eu me senti uma pessoa completamente diferente. Toda aquela sensação que descrevi no início do texto tinha sido jogada fora e, em seu lugar, fiquei feliz, alegre, grato. Tudo ficou muito mais bonito. Não só espiritualmente falando, mas até minhas tarefas diárias eu fiz me sentindo muito feliz.
O olhar silencioso
Um verdadeiro Mestre espiritual é aquele que tem unicidade inseparável com o Altíssimo. Por via de sua unicidade, ele pode facilmente entrar no buscador, ver seu desenvolvimento e aspiração, e saber tudo sobre sua vida interior e exterior. Quando o Mestre medita em frente aos seus discípulos, está trazendo Paz, Luz e Beatitude das Alturas, e isso entra neles. E do interior eles aprendem automaticamente como meditar. Todos os verdadeiros Mestres espirituais ensinam meditação em silêncio. Um Mestre genuíno não precisa explicar exteriormente como meditar ou dar-lhe uma forma específica de meditação. Ele pode simplesmente meditar em você, e seu olhar silencioso o ensinará como meditar. A sua alma entra na alma dele e traz dela a mensagem, o conhecimento de como meditar. -Sri Chinmoy, do livro O Mestre e o Discípulo
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 15, 2022 | Uncategorised

Dicas para meditação 39 – períodos de silêncio
Pergunta: Deveríamos manter períodos específicos de silêncio exterior além da meditação?
Sri Chinmoy: Sim. Às vezes, é bastante necessário ter um silêncio exterior por meia ou uma hora, além de uma profunda meditação. Quando falamos desnecessariamente, isso nos enfraquece; enfraquece os nossos nervos sutis. Então, na hora da nossa meditação de verdade, não poderemos meditar bem. Isso não significa que você vai ficar em silêncio por horas e horas. Isso será uma atitude de auto-engano, porque exteriormente você se mantém em silêncio, mas no seu interior a sua mente está na sarjeta, vagando e vagando. Esse tipo de silêncio não é silêncio. Apenas a sua boca e a sua língua não estão funcionando. Você está se forçando deliberadamente para que sua boca não se abra, mas isso não ajuda. No entanto, quinze minutos, meia hora ou uma hora de silêncio depois ou antes da meditação vai nos ajudar. Se observarmos silêncio antes da meditação, vamos nos fortalecer. Se permanecermos em silêncio depois da meditação ter acabado, teremos a oportunidade de assimilar a Paz, a Luz e a Felicidade que recebemos em medida abundante durante ela. Essa assimilação é de importância fundamental porque, sem ela, tudo o que recebermos será perdido.
The Height of Silence and the Might of Sound, p. 25-26
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 14, 2022 | Aforismos e poemas para meditação
“Obrigado, Minha criança.”
Venha e sente-se ao Meu lado.”
“Minha criança, veja, veja!
Eu mantive Minha Porta-Coração
Amplamente aberta para você.”
Quando tomamos o lado do homem,
Dentro de uma cela muito apertada.
Quando tomamos o lado de Deus,
Cantamos e brincamos e dançamos
É, certamente, uma tarefa das mais difíceis.
Eu não tenho de pedir a Deus
Do que eu posso algum dia imaginar.
Mais e mais rigoroso comigo.
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 12, 2022 | Dicas para meditação

Dicas para meditação 38 – Receptividade e Assimilação
Sri Chinmoy: Ao meditar, a receptividade é de importância fundamental. A riqueza espiritual é como o sol. A luz do sol é para todos, mas se você fecha todas as janelas e portas da sua casa, então como a luz do sol pode entrar? Quando o Mestre medita, traz lá de cima Paz, Luz e Felicidade. No entanto, se você mantiver a porta do seu coração fechada, o que ele trouxer não será capaz de entrar.
Sempre digo aos meus discípulos que mantenham os olhos abertos enquanto meditam. De outro modo, estarei no meu mais elevado e vocês estarão no seu próprio mundo. Às vezes, estou trazendo Paz, Luz e Felicidade infinita, mas vocês estão no mundo do sono. Se os seus olhos estiverem abertos, verão a fonte, de onde tudo está vindo, nos meus olhos. Os meus olhos estão apenas trazendo Paz, Luz e Felicidade lá de cima.
A melhor maneira de receber durante a meditação é por meio da gratidão. Você está oferecendo gratidão ao Supremo porque ele o escolheu para estar no Barco Dele. Já que a sua consciência está elevada, você está buscando o que estou trazendo para cá. Alguns nem vêem isso. Outros vêem, mas acham que não precisam disso. Todavia, você vê e está faminto. Outros não estão famintos, apesar de verem a comida; ou estão famintos, mas não querem comer o alimento que o Mestre quer fornecer. No seu caso, você está faminto e reconheceu o fato de que existe alguém com o alimento.
E quem criou a sua fome? Não foi você quem a criou. A pessoa com o alimento a criou em você. Então você é grato à pessoa mais uma vez. E a sua gratidão vai diretamente ao Supremo. Ela não vem para mim. Eu sou apenas o mensageiro. Ela vai à Fonte, ao Supremo.
Se tiver uma meditação elevada, não deveria falar logo após ela. Deveria primeiro tentar assimilar o que recebeu. Uma vez que a assimilação acontece, ela se torna propriedade sua. Antes disso, ela pode desaparecer. Se alguém disser: “Como vai você?”, ele pode levá-la embora. Porém, uma vez que você a assimilou no seu sistema, ela se tornou sua. Pode acontecer também na meditação de, enquanto você recebe, estar assimilando também. Assim, quando for a hora de parar a meditação, estará tudo assimilado.
Sri Chinmoy Speaks 6, p.16-17
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 10, 2022 | Aforismos e poemas para meditação

Aforismos meditativos do livro 77.000 Service-Trees, vol 50, escrito por Sri Chinmoy
É apenas para buscadores-Deus—
Apenas para buscadores-Deus.
Um velejar rápido e tranquilo
Se a simplicidade, sinceridade
Quanto mais fundo levarmos a nossa mente
Mais brilhante será a nossa vida exterior.
Durante o dia, quando oramos,
Sentimos que Deus é poderoso—
Sentimos que Deus é cheio de paz
Se eu amo incansavelmente a Deus somente,
E derramará lágrimas de deleite.
Uma verdadeira fonte de problemas.
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 8, 2022 | Dicas para meditação

Pergunta: Você pode explicar se vale a pena tentar conversar sobre as experiências interiores de alguém com outras pessoas?
Sri Chinmoy: Alguns Mestres espirituais aconselham os seus discípulos a partilhar suas experiências só com eles. Na maioria das vezes, não é aconselhável comunicar ou oferecer as experiências interiores de alguém para outras pessoas. Suponha que você teve uma experiência elevada, sublime. Mesmo se contar essa experiência ao seu amigo mais íntimo, a inveja dele pode tentar devorar a riqueza, a realidade viva da sua experiência. Às vezes, ao dividir suas experiências interiores com um iniciante, ele pode tentar ter a mesma experiência a ferro e fogo.
Na vida espiritual, isso nunca pode ser feito. O progresso espiritual é um processo lento, constante e gradual. Só porque você provou uma manga e me contou sobre ela, eu posso tentar também subir no pé de manga. No entanto, se não souber subir, ao tentar vou cair e me machucar. Também, ao contar suas experiências interiores a outras pessoas, o orgulho humano poderá entrar em você.
Só se deveria compartilhar experiências interiores com a permissão do Mestre. Se a pessoa não tem um Mestre, então deve mergulhar profundamente em si mesma e ouvir os ditames da alma. Se a alma ou o Mestre pede a algum buscador que divida suas experiências com o resto do mundo, então não haverá nenhum problema. Nesse caso, pode acontecer de, se uma pessoa contar sobre suas experiências, os amigos dela vão ficar inspirados a entrar no mundo de aspiração. Porém, é sempre aconselhável perguntar ao Mestre ou mergulhar profundamente em si mesmo para saber se deve compartilhar suas experiências com os outros. De outra maneira, isso pode criar resultados imprevistos e deploráveis no próprio buscador ou naquele com quem está tentado partilhar das experiências.
Earth-Bound Journey, Heaven-Bound Journey, p.62-63
Pergunta: É uma boa idéia discutir sobre experiências espirituais com nossos irmãos e irmãs?
Sri Chinmoy: Não é aconselhável discutir sobre experiências interiores com seus irmãos e irmãs espirituais. Embora eles pertençam à mesma família sua, ainda não venceram a inveja. Exteriormente, vão ficar felizes e exaltá-lo aos céus. Entretanto, interiormente, os corações deles vão queimar e tentarão tirar a essência da sua experiência por meio da inveja e de outras forças baixas. Não existe uma regra rígida, mas mesmo que um discípulo seja extremamente próximo a você – digamos que o seu marido ou a sua esposa – ainda assim a inveja pode surgir.
Às vezes, ao ter uma experiência e contar aos seus amigos sobre ela, eles vão duvidar dela. Nessa hora, imediatamente a força, o poder e a luz da experiência desaparecem. A dúvida tem o poder de levar a sua experiência embora imediatamente.
Na vida exterior, se você contar aos outros que está sofrendo ou numa consciência baixa, então poderá conseguir alguma solidariedade deles e eles tentarão elevar a sua consciência. Entretanto, quando é uma questão de muito elevadas e sublimes, existe toda a possibilidade de ser mal-compreendido, criar inveja ou ser atacado pela dúvida dos outros. Assim, por favor, mantenha essas coisas para você mesmo. Suas experiências vão finalmente se transformar em realização, que é como a plena luz do dia. Você não pode esconder a luz do dia, mas tem de esconder a chama, porque existem pessoas que podem assoprá-la com a inveja ou com a dúvida.
Você deveria, porém, deixar o seu Mestre saber dela. Seu Mestre espiritual não tem inveja de você, porque ele teve experiências infinitamente mais elevadas. Ele também sabe que nenhum discípulo terá uma experiência maior sem a inspiração pessoal, o conhecimento e a ajuda consciente ou indireta dele. Se você contar ao seu Mestre sobre uma experiência sua, isso só vai acrescentar à sua convicção. Ou se foi apenas uma alucinação mental, o Mestre pode lhe dizer.
Algumas pessoas têm experiências falsas. Elas lêem alguns livros que tratam de experiências mais elevadas e então essas experiências inconscientemente entram na mente delas; de modo inconsciente, elas estão tentando assimilar as sublimes experiências da pessoa que escreveu o livro. Mas, às vezes, nem mesmo o autor teve as experiências. Ele só as pegou emprestadas do livro de outra pessoa. Nessa hora, o Mestre será capaz de dizer se as experiências são ou não genuínas e realmente resultado de uma aspiração interior.
Se você não tem um Mestre a quem contar suas experiências, então o que pode fazer? Tem de tentar observar aonde o resultado da experiência o leva e o que está obtendo dela. Se obtiver paz, luz e felicidade em medida abundante, vai saber que a experiência é genuína. Se é uma experiência real, genuína, sua mente vai ficar calma e quieta e seu coração vai entrar numa perfeita harmonia. Apenas em perfeita harmonia consegue-se o mais elevado tipo de experiência. Todavia, se a experiência for falsa, vai criar uma excitação e vai compeli-lo a contar aos seus amigos sobre ela, para que assim você receba admiração e apreciação deles. Porém, isso só vai deixá-los com inveja. Você não tem o direito consciente ou inconsciente de aumentar a inveja deles. A melhor coisa a ser feita é manter suas experiências interiores para si mesmo.
Great Masters and the Cosmic Gods, p. 17-20
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 7, 2022 | Histórias pessoais - diário

Hoje estava correndo, e uma moeda de um real caiu da sacola. Só ouvi o barulho da queda de um metal. Sri Chinmoy costuma contar que ele pega todas as moedinhas que acha na rua, mesmo de um centavo. A intenção é não esnobar o presente de prosperidade. Eu peguei esse costume também.
Então fiquei procurando a moeda na calçada, mas não consegui achar. Um senhor passou caminhando e perguntou, “Perdeu algo?” Enquanto caminhamos alguns metros, ele passou bem do lado da moeda, que estava bem mais para frente de onde eu estava procurando. Ele disse: “Ah, você a achou por causa de mim!” Parece algo engraçado, mas achei que Alguém tinha mandado ele, ou era Ele mesmo Alguém que foi me mostrar onde estava a moeda, pois eu justamente não tinha conseguido achar e estava prestes a me conciliar com a perda.
Agora já bem grato e feliz com a experiência e a sensação de cuidado por mim, na quadra seguinte encontrei um abacate caído para dentro de um terreno público meio abandonado. Estava verde ainda e devia ter caído na grama e rolado até a grade. Levei-o para casa como um presente também e vou esperá-lo amadurecer junto com a minha percepção das coisas!
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 6, 2022 | Dicas para meditação

Dicas para meditação 36 – Experiências Interiores
Pergunta: Como posso reconhecer uma experiência espiritual?
Sri Chinmoy: No seu caso é fácil. Por milhões de vezes você teve um sentimento de verdadeira disposição em ajudar a humanidade, e com a Graça de Deus ajudou-a de acordo com sua capacidade. Então obteve alegria. Mas não encare essa alegria como resultado da sua ação. Quando obtiver alegria interior, por favor, não sinta que é resultado de um desejo satisfeito ou de uma ação bem sucedida.
Não sinta que está feliz porque o resultado é satisfatório. Não. Separe imediatamente você mesmo da sua ação. Assim, verá que a alegria que está tendo é de um sentimento de unicidade – unicidade com a Consciência universal, a Consciência cósmica ou a sua própria consciência.
A espiritualidade é sempre natural. Qualquer coisa que não seja natural nunca pode ser espiritual. Agora mesmo você não vê a verdade como o seu direito de nascimento. A verdade é alguma coisa não natural; alguma outra pessoa possui a verdade, mas você não a possui. Mas, ao estar na vida espiritual, verá que a espiritualidade é propriedade de todo mundo.
No seu caso, você teve experiências espirituais várias e várias vezes. A qualquer hora que me concentro em você, vejo que quer ser iluminado e guiado pelo Supremo. Essa própria idéia de que você quer ser iluminado, guiado ou moldado por alguém que sabe como guiá-lo e moldá-lo não é um desejo. É até mais do que uma aspiração. É uma expressão exterior da experiência interior da sua alma. É a sua alma que está tendo essa experiência interior.
Uma pessoa não-aspirante diz: “Eu tenho de me salvar. Tenho de fazer tudo. Ninguém fará nada por mim”. Entretanto, no seu caso, já vi várias vezes que você tem o desejo de ser ajudado e guiado pelo Supremo em mim. Isso é o mais elevado ou, podemos dizer, a mais efetiva experiência da sua alma, expressa na forma de desejo ou aspiração. Constantemente você está tendo experiências quando sente que é uma criança no Colo do Supremo. Esse mesmo sentimento você verá se for profundamente dentro de si mesmo. É uma experiência incorporada pela sua alma, e você só está tentando manifestá-la na forma de aspiração.
Experiences of the Higher Worlds, p.33-35
Pergunta: Como posso dizer se as minhas experiências interiores são genuínas ou falsas?
Sri Chinmoy: Se ficar em dúvida quando tiver uma experiência interior, concentre-se no coração. Se a experiência for genuína, você vai sentir uma sensação sutil de formigamento. Se sentir como se uma formiga estivesse escalando ou se arrastando no seu coração, então saberá que a sua experiência é genuína.
Quando tiver uma experiência interior, tente respirar tão lenta e silenciosamente quanto possível, e sinta que está trazendo pureza ao seu sistema. Sinta que a pureza está entrando em você como uma linha e está girando ao redor do seu umbigo. Se você sentir que o seu coração espiritual não está disposto a entrar no seu umbigo, então a sua experiência é uma mera alucinação. No entanto, se o coração entra de bom grado no umbigo, esteja certo de que a sua experiência não é uma alucinação; é absolutamente verdadeira e genuína.
Quando tiver uma experiência e quiser saber se ela é válida, tente sentir por alguns minutos se você cresce naquela experiência ou não. Se sentir que pode crescer naquela experiência, mais cedo ou mais tarde, em uma hora ou duas, ou em um dia ou seis meses, então a sua experiência é genuína. Porém, se sentir que a realidade é alguma outra coisa e você nunca vai poder crescer naquela experiência, então ela não é genuína.
Quando tiver uma experiência, tente separar a sua vida exterior da sua vida interior. A vida exterior é uma vida de necessidade, demanda e exigência. A vida interior também é uma vida de necessidade, mas é da necessidade por Deus, não da sua necessidade; das exigências de Deus, não das suas demandas ou exigências. Tente sentir se é a necessidade de Deus que está operando em e através da sua experiência, se Ele precisa de você e quer satisfazer a Si mesmo em e através de você. Se você pode crescer nesse tipo de sentimento ou realização, a sua experiência é genuína. No entanto, se você se identifica conscientemente com as suas exigências, então a experiência não é verdadeira. É só uma alucinação.
Meditation: God’s Beauty and Man’s Duty, p. 45-47
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 5, 2022 | Aforismos e poemas para meditação
Quando estou no Barco do meu Senhor
Sou capaz de manter minha vida
Sob meu perfeito controle.
Então não pode haver plenitude
Na nossa vida espiritual.
Quanto mais humildade podemos ter
Mais rápido podemos fazer progresso
E mais rápido podemos correr
Se pudermos cultivar alegria
Então poderemos nos tornar
Instrumentos favoritos de Deus.
Com a Vontade de Deus ou do Mestre
É o resultado do amor divino.
A luz está em todo lugar—
Mesmo na noite mais escura
Porque nenhuma criação de Deus
Não há um grande diferencial
Entre iluminação e libertação—
Uma vez que você está iluminado,
Constante, incessante realização.
Todos sabemos o que é insegurança.
Segurança é a percepção consciente
Um tipo de segurança diz:
“Eu amo Deus e, portanto, posso senti-Lo.”
Outro tipo de segurança diz:
“Deus me protege todo o tempo e, portanto, estou seguro.”
A verdade que machuca deliberadamente—
Que machuca impiedosamente—
É pior do que a falsidade.
Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.
by Patanga Cordeiro | Jun 4, 2022 | Histórias, Histórias pessoais - diário
Pergunta: Recentemente tenho me sentido não apenas fisicamente fraco, mas também fraco de outras formas. Fico me perguntando como posso ficar forte para poder correr o mais rápido.
Sri Chinmoy: Permaneça em silêncio, silêncio, silêncio. Mesmo quando estiver caminhando, não permita que quaisquer pensamentos venham. Não pense “Este é um pensamento bom, aquele é um pensamento ruim.” Não. Tente não ter pensamentos, nenhum pensamento. Permita que Deus pense dentro de você. Permita que o Supremo pense dentro de você. Deixe que Ele faça o necessário. Se algum pensamento aparecer, interrompa-o, interrompa-o, interropa-o. Você verá como terá muito mais energia, disposição, avidez e tudo o mais que precisar. O caminho lhe será mostrado.
Só mantenha a mente em silêncio absoluto – mesmo por dois ou três minutos. É como o desenvolvimento de um músculo. Se hoje conseguir manter a mente em completo silêncio por dois minutos, e amanhã por três minutos, então gradualmente, gradualmente, se fizer isso por bastante tempo, verá o quanto poderá melhorar na sua vida interior – não apenas na sua vida interior, mas também na sua vida exterior. Você será capaz de fazer melhorias tremendas.
Sri Chinmoy, Conversations with Sri Chinmoy, Agni Press, 2007

Aprendi a encarar o escrever como um serviço especial. Assim que me propus a escrever neste momento, veio um sentimento de utilidade – de que eu estava a fazer algo de fato valioso. Não sei se vocês poderão aproveitar algo, mas pelo menos a minha própria aspiração se aproveita do ato!
Quando fazemos algo de valor, por vezes uma espécie de silêncio interior brota. Não é o silêncio completo, a ausência de pensamentos, mas sim algo dinâmico e, ao mesmo tempo, pacífico. É como saber que está fazendo a coisa certa, porque aquilo tem de ser feito e, portanto, nada nos incomoda de forma derradeira. Basta continuar fazendo.
Experiências de silêncio interior com coisas do dia a dia
Tocando violoncelo
Uma vez, num domingo à tarde, sentei-me para fazer uma meditação extra. Mas não deu certo. Estava por demais inquieto. Resolvi então pegar um instrumento musical para praticar um pouco. Como para mim era algo incrivelmente difícil, precisei me concentrar muito. Lembro até mesmo de um pouco de saliva escorrendo do canto da boca, pois eu tinha perdido controle dessas funções ao me concentrar para tocar.
Assim que terminei de praticar, senti-me novamente inspirado a tentar meditar. Assim que sentei, logo tive uma daquelas melhores meditações do ano. Acho que foi o fato de eu ter me concentrado bastante antes, que criou um silêncio na mente, permitindo ao coração meditar em paz. Senti que essa meditação sozinha valeu todo o gasto com comprar o instrumento e os meses de prática!
Praticando kendo: mushin
A primeira vez foi quando eu era adolescente. O sensei estava fazendo eu passar por um treino muito difícil, e eu fiquei além de esgotado. Quase não conseguia me manter em pé, nem esticar os braços para frente e tive de continuar treinando com ele. Quando – de repente – ele ataca e eu, sem saber o que estava acontecendo, fiz um contra-ataque que foi perfeito para o meu nível atual. Eu mesmo só observei o ato, e como o fiz com vigor e precisão, com uma energia que não parecia disponível nem quando estava descansado, e muito menos naquele nível de exaustão extrema.
A segunda vez que lembro foi mais recente. A situação foi similar. O sensei estava exigindo que eu fizesse golpes bem melhores do que eu conseguia no momento. E, com o passar dos momentos, eu ficava mais cansado, pela repetição. Isso fazia com que os golpes piorassem, ao invés de melhorar. Foi então que, depois de muita exigência, o golpe “perfeito” brotou: ao invés de eu reagir após o chamamento dele para golpear, simplesmente consegui golpear na mesma hora que ele decidiu que eu deveria golpear. O próprio sensei sorriu e me abraçou, dizendo: “Você viu!? Aqui dentro (apontando para a minha cabeça), esse foi um golpe muito bom.”
Outra vez que lembro foi quando o sensei colocou todos nós para um dos exercícios mais cansativos, e por mais tempo que o de costume. Em seguida, ele chamou a mim e mais alguns colegas para continuar fazendo com ele e outros mais graduados o mesmo exercício do qual estávamos exaustos, sem descanso algum. Tentei fazer o meu melhor. Percebi ao voltar para casa que estava tão silencioso que nem mesmo a minha mente sabia como voltar para casa. Eu só sabia voltar por partes: “Saia do dojo. E agora? Anda até a estação de metrô. E agora? Pega tal trem.” Etc. Caminhando da última estação para casa, eu estava tão satisfeito, mesmo indefeso como uma criança de tão cansado. Espontaneamente surgiu na minha mente a repetição “Supreme, Supreme, Supreme…” (Supremo, Deus.) Eu fiquei repetindo o nome de Deus em silêncio, pois nada mais havia senão isso para ocupar o espaço criado.
Experiências de silêncio interior com a meditação
Fazer a “coisa certa”
Lembro de estar no trabalho logo antes de dar um curso de meditação. Antes de ir embora no fim do expediente, parei para meditar por uns 5 minutos. Foi uma meditação tão boa que era óbvio que não era eu quem estava meditando. Aquela meditação me foi concedida, isso sim. Peguei o metrô para ir dar o curso mais a noite e nada importava. Tudo estava ótimo, todas as coisas, todas as pessoas belas, e eu estava satisfeito. Acho que simplesmente eu estava fazendo a coisa certa ao ir de noite oferecer o curso de meditação, e Alguém quis me ajudar a fazer o serviço dar certo.
Tenho vagas impressões também de outras vezes em que, logo após “fazer a coisa certa”, senti um grande silêncio e satisfação interior. Algumas coisas foram difíceis de fazer ou decidir, por vezes envolviam outras pessoas. Mas fico com a sensação de que foi o mais certo – não que eu me convenci de que era o correto, mas sim que a sensação e o silêncio que sobraram eram o indicativo.
O Mestre espiritual
Aproximadamente em 2005 estávamos reunidos num fim de semana para jogos, meditação, corrida, canto, etc. Nosso Mestre nos ligou de Nova Iorque e abençoou cada um no telefone: “My soul´s highest blessings and my heart´s infinite love to you.” Assim que soltei o telefone, percebi a mudança de consciência. Não restava nada a ser feito. Resolvi ir meditar na sala. Um colega também veio. Ficamos sentados muito tempo. Eu tinha a sensação de que nem precisava meditar – era só me manter aberto e receptivo. Tudo já tinha sido feito. Eu fui um paciente do que aconteceu. Vocês já viram algum ditado como “Um simples toque do Mestre pode…”?

Patanga começou a prática diária de meditação aos 19 anos de idade sob a orientação de Sri Chinmoy. Encarando a meditação como uma das facetas da vida, a corrida, música, jogos de tabuleiro, escrever, emprego e amor ao próximo foram surgindo — e algumas bastante desafiadoras, como a ultramaratona de 10 dias de duração.
Ele trabalha como servidor público e desde 2003 é professor voluntário nos cursos de meditação do Centro Sri Chinmoy, dando aulas também na USP, Unicamp, UFPR, UFSCar, BB e CEF.