O Mestre Espiritual

 

O professor humano mostra a você

Como ler.

O divino professor incansavelmente

Lê para você.

O primeiro conduz a sua mente

Ao portal da sabedoria,

O outro abre a sua alma

Para o vasto-céu Azul.

  • Sri Chinmoy

 

O que é, como reconhecer, ensinamentos, discípulos e mais: a figura do Mestre espiritual

Logo abaixo está a página sobre escolher um Mestre, uma de uma sequência de artigos sobre o Mestre espiritual, escritos por Sri Chinmoy. As outras páginas são:

Fonte: livro de Sri Chinmoy, chamado O Mestre e o Discípulo: considerações sobre a relação Guru-discípulo.


 

O Mestre Espiritual

por Sri Chinmoy, do livro O Mestre e o Discípulo

 

meditar mestre espiritualUm Mestre espiritual verdadeiro é alguém que alcançou a Deus-realização. Todos nós somos um com Deus, mas o Mestre espiritual verdadeiro estabeleceu sua unicidade consciente com Deus. A qualquer momento, ele pode entrar numa consciência mais elevada e trazer mensagens de Deus para aqueles discípulos que têm fé nele. O Mestre, se genuíno, representa Deus na Terra para aqueles buscadores que têm verdadeira aspiração e fé no Guru. Ele foi autorizado ou encarregado por Deus a ajudá-los. O verdadeiro Professor, o verdadeiro Guru, é o próprio Deus. Mas na Terra, Ele normalmente agirá em e através de um Mestre espiritual. O Mestre energiza o buscador com inspiração e, com o tempo, através da infinita Graça do Supremo, oferece ao buscador a iluminação.

Você se engana quando toma o Mestre como apenas a pessoa, como o corpo humano. Deve sentir que o verdadeiro Mestre está dentro do físico. Por que meus discípulos vêm até mim? É porque seu verdadeiro Mestre, o Supremo, está dentro de mim. O Supremo também está dentro deles, mas neles, Ele está dormente, enquanto que em mim Ele está completamente desperto. O Mestre e o discípulo são como dois amigos que têm a mesma capacidade, mas um está dormindo e precisa de ajuda para acordar antes de poder manifestar sua capacidade. O Guru é alguém que chega, toca os pés de seu irmão e, acariciando sua cabeça, diz “Por favor, levante. Chegou a hora de trabalharmos para nosso Pai.”

Quando um Mestre aceita alguém como discípulo, ele aceita aquela pessoa como parte de si. Se o discípulo é imperfeito, o Mestre também está imperfeito. Na perfeição do discípulo está a perfeição do Mestre. Eu sempre digo que não tenho individualidade nem personalidade. São os feitos dos meus discípulos que me levarão ao Céu ou ao inferno. Eu tenho a capacidade de permanecer o tempo todo no Paraíso, mas eles podem facilmente me arrastar para o inferno a cada momento porque eu os aceitei como parte de mim.

Um verdadeiro Mestre espiritual procura trazer à tona a divindade interior do discípulo do fundo de seu coração. Ele bate à porta-coração do discípulo e desperta a criança divina nele, que nós chamamos de alma. E ele diz à alma: “Você tomará conta dos outros membros da família – o físico, a mente e o vital – e cuidará deles. Eles estão cometendo erros constantemente. Agora, dê-lhes uma nova vida, um novo significado, um novo propósito.”

É trabalho do Mestre espiritual fazer seus discípulos sentirem que, sem amor, sem verdade e luz, a vida é sem sentido e infrutífera. A coisa mais importante que um Mestre espiritual faz por suas crianças espirituais é trazer a eles a percepção consciente de algo vasto e infinito dentro delas mesmas, o qual não é nada menos que o próprio Deus.

A mais elevada Verdade transcendental está dentro de nossos corações, mas desafortunadamente ainda não a descobrimos. Portanto, eu peço aos meus discípulos que vão fundo dentro de si mesmos e meditem no coração, o qual abriga a alma. Por fim, eles aprendem como contatar a alma e começam a ouvir seus ditames. Nessa ocasião, começam a fazer verdadeiro progresso em direção à descoberta de seu mais elevado e profundo Eu.

Se alguém já possui um certo desenvolvimento, ou seja, se já praticava a vida espiritual em encarnações anteriores e está em condições de ouvir o que diz o seu ser interior, não lhe é absolutamente necessário ter um Mestre espiritual. Nesse caso, ele tem apenas de buscar em seu interior profundo e praticar a vida espiritual com toda sinceridade. Como não deseja a ajuda de um Mestre, ele deverá depender completamente de si e da infindável Graça de Deus. Todavia, precisamos lembrar-nos que o caminho espiritual é muito árduo; apenas em raras circunstâncias alguém realizou Deus sem a ajuda de um Mestre espiritual. Os próprios Mestres espirituais, em sua maioria, receberam ajuda de alguém por um dia, um mês, um ano ou dez anos antes de realizarem Deus.

Assim como precisamos de professores para o conhecimento exterior – para iluminar nosso ser exterior – também precisamos de um Mestre espiritual para nos ajudar e nos guiar na vida interior, especialmente no início. Senão, nosso progresso será muito lento e incerto, e poderemos sentir-nos muito confusos. Teremos experiências elevadas, edificadoras, mas não lhes daremos a importância devida. A dúvida poderá eclipsar nossa mente, e diremos: “Sou apenas uma pessoa comum, então como posso ter esse tipo de experiência? Talvez eu esteja me iludindo.” Ou quem sabe contaremos a nossos amigos e eles dirão: “É só uma alucinação mental. Esqueça essa história de vida espiritual.” Mas, se houver alguém que saiba o que a Realidade é, ele dirá: “Não aja como um tolo. As experiências que tem tido são absolutamente reais.” O Mestre encorajará e informará o buscador, e também lhe dará as devidas explicações sobre suas experiências. Igualmente, se o buscador tem feito algo errado em sua meditação, o Mestre está em posição de corrigi-lo.

Porque alguém vai à universidade, se pode estudar em casa? É porque sente que receberá instrução especial de quem conhece bem o assunto. Você bem sabe que existem algumas – ainda que muito, muito poucas – pessoas de verdadeiro conhecimento que não cursaram universidade alguma. Sim, existem as exceções. Toda regra admite exceções. Deus está em todos, e se um buscador sente que não necessita de ajuda humana, será muito bem-vindo para testar sua capacidade sozinho. Mas, se é sábio e deseja correr para sua Meta, ao invés de tropeçar ou simplesmente caminhar, certamente a ajuda de um Guru será considerável.

Digamos que estou em Londres. Sei que Nova York existe e que tenho de voltar para lá. De que preciso para levar-me até lá? De um avião e de um piloto. A despeito de saber que Nova York existe, não posso chegar lá sozinho. Do mesmo modo, você sabe que Deus existe. Você quer alcançar Deus, mas alguém deve levá-lo até lá. Assim como o avião me leva a Nova York, alguém tem de conduzi-lo para a consciência de Deus que está no seu interior profundo. Alguém tem de mostrar-lhe como entrar em sua própria divindade, que é Deus.

Um Mestre espiritual vem a você com um barco. Ele diz, “Vem! Se deseja ir para a Costa Dourada, eu o levarei. Além disto, uma vez no meu barco, você poderá cantar, dançar e até dormir, mas eu o levarei à Meta em segurança.”

Há milênios temos nadado no mar da ignorância. Quando despertamos, queremos cruzar esse mar em direção ao oceano de Luz e Deleite. Se sabemos que há um barqueiro, e que há um barco que pode levar-nos com segurança à nossa meta, naturalmente tentaremos obter sua ajuda. Um Mestre espiritual genuíno sabe o caminho e dedica-se a ajudar-nos a alcançar essa meta. Como um barqueiro, ele nos levará à outra margem.

Se qualquer pessoa ajudá-lo no mundo exterior – seja um advogado ou um médico, por exemplo – ele cobrará. Mas, quando o Guru o leva à sua meta, ele nada toma para si. Você não tem de dar a ele nem um pingo da sua riqueza porque ele tem a sua própria riqueza infinita. Por fim, você perceberá que toda essa riqueza é a mesma. A meta dele, a sua meta, e a meta de todos é a mesma: Paz, Luz e Beatitude infinitas. O Mestre espiritual diz: “Você tem fome. Eu tenho um suprimento infinito do alimento divino que deseja, portanto não preciso tomar nada de você.”

Na vida comum, se as pessoas veem alguém receber ajuda, podem até dizer: “Oh, ele não pôde fazer aquilo sozinho.” Mas a pessoa que está realmente faminta por Deus expressa-se assim: “Não importa quem oferece a comida, pois estou com fome e quero comer agora. Essa é a comida pela qual tenho ansiado durante toda a minha vida, e ele está suprindo-me dela. Enquanto ele alimentar-me com Divindade verdadeira, deixe que eu coma.”

Se você sente que ao aceitar um Mestre estará evitando as próprias responsabilidades, está enganado. Dessa forma estará separando-se do seu Mestre. Aqueles que são meus discípulos muito devotados não se sentem estranhos. Eles sentem sua unicidade comigo, sentem que tenho mais capacidade que eles e, então, identificam sua pouca capacidade com a minha capacidade maior. Quando entram em minha capacidade, sentem que estão entrando em suas próprias capacidades, porque dentro de mim, veem todo o amor e cuidado.

Somente sentindo a sua unicidade com o Mestre é que poderá fazer progresso real. Sentindo-se um estranho ou um intruso no coração do Mestre, ou mesmo pensando ser apenas um convidado, nunca terá sucesso na vida espiritual. Quanto tempo poderá ficar na casa de um amigo como convidado? Apenas alguns dias ou um mês, e então terá de ir embora. Mesmo sentindo que vem como amigo, ainda assim deverá partir. Mas, se sentir que a casa dele é a sua casa, então estará seguro, eternamente seguro.

Quando o discípulo e o Mestre se sentem seguros um no coração do outro, a hora da iniciação está próxima. Quando o Mestre inicia alguém, ele dá à pessoa uma porção de seu alento-vida. Na ocasião da iniciação, o Guru faz uma promessa solene ao buscador e ao Supremo de que dará o melhor de si para ajudar o buscador na sua vida espiritual, que oferecerá seu coração e sua alma para conduzir o discípulo até a mais elevada região do Além. O Mestre diz ao Supremo: “A menos e até que eu tenha levado esta criança até Ti eu não a deixarei, meu jogo não estará terminado.” E ao discípulo: “De agora em diante, pode contar comigo; pode considerar-me como muito seu.”

Na hora da iniciação, o Mestre realmente assume as abundantes imperfeições do discípulo, tanto desta quanto das encarnações passadas. Certamente, há Mestres espirituais verdadeiros e sinceros e, também, os falsos. Aqui, refiro-me aos verdadeiros. Alguns Mestres que são muito sinceros somente iniciam um discípulo por mês. Após a iniciação, ficam doentes e sofrem terrivelmente, porque assumiram verdadeiramente as imperfeições do discípulo. Todavia, existem alguns Mestres espirituais capazes de iniciar muitos discípulos, sem sofrimento, porque têm a capacidade de lançar na Consciência Universal as imperfeições que retiram deles. Mas também há alguns falsos Mestres que iniciam cinquenta, sessenta ou cem discípulos de uma vez, ou que iniciam por procuração. Esse tipo de iniciação em massa é uma grande ilusão.

O Guru pode iniciar o discípulo por vários meios. Pode fazer a iniciação à tradicional maneira indiana, enquanto o discípulo medita. Também pode iniciar enquanto o discípulo dorme ou mesmo em sua consciência normal, mas calmo e tranquilo. O Guru pode iniciar o discípulo simplesmente através dos olhos. Ele olha para o discípulo e imediatamente este é iniciado – mas ninguém fica sabendo. Um Mestre também pode proceder à iniciação física, que é pressionar a cabeça ou o coração ou qualquer parte do corpo do discípulo. Nessa ocasião, ele tenta fazer a consciência física sentir que a iniciação ocorreu. Mas junto com essa ação física, o Guru iniciará o discípulo de uma forma psíquica. O Guru vê e sente a alma do discípulo, agindo sobre ela. A iniciação também pode ser feita através de processos ocultos ou num sonho. Se não houver Mestre espiritual disponível na época, o próprio Deus pode tomar uma forma humana muito luminosa no seu sonho ou durante sua meditação e Ele próprio pode iniciar você. Mas isso é muito raro. Na maioria dos casos, a iniciação é feita por um Mestre.

Meus discípulos não precisam pedir-me para iniciá-los exteriormente, porque eu sei o que é melhor para eles; isto é, eu sei quando ou não a iniciação exterior vai acelerar seu progresso interior. Frequentemente, eu inicio meus discípulos através de meu terceiro olho, que percebo ser o modo mais convincente e efetivo. Muitos já viram meus olhos quando estou em minha consciência mais elevada. Nessas ocasiões, meus olhos humanos tornam-se um com meu terceiro olho. Estes dois olhos comuns então recebem infinita Luz do terceiro olho, e a Luz proveniente dos meus olhos divinamente radiantes entra nos olhos do aspirante. Imediatamente, a Luz entra no corpo todo do aspirante e o permeia da cabeça aos pés. Então, vejo a Luz, a minha própria Luz, a Luz do Supremo, brilhando na ignorância do discípulo, e aquela ignorância oferece sua gratidão. Ela diz: “Agora que me tornei sua, agora que o senhor me fez sua, serei sua para sempre.” Nessa ocasião, torno-me responsável por iluminar a ignorância do discípulo e o discípulo se torna responsável por ajudar-me a manifestar o Supremo na Terra.

Apenas porque eu o iniciei, não significa que poderá iniciar alguém mais. Não é como se eu lhe contasse uma Verdade que agora pode contar a mais alguém. Frequentemente, ouço que um Mestre iniciou alguém, e o discípulo segue iniciando outro, e então este prossegue para outro mais – como descendentes de uma família. Esse tipo de iniciação não tem valor algum. A verdadeira iniciação tem de ser feita por um Mestre Deus-realizado; não pode ser feita por procuração. Se um Mestre tem o poder espiritual de iniciar um discípulo diretamente no plano oculto, não há problema. Mas, se diz que pode iniciar alguém através de um discípulo que ainda é um iniciante, esse tipo de iniciação é um absurdo. Quando pessoas nos Estados Unidos dizem que foram solicitadas a iniciar outras por seu Mestre espiritual na Índia, então não se trata mesmo de iniciação; é só ilusão. A iniciação tem de ser feita diretamente por um Mestre, no plano físico ou nos planos interiores.

Quando o Guru inicia um discípulo, ele o aceita sem reservas e incondicionalmente. Mesmo se o discípulo parte após a iniciação, pensando mal do Guru, o Guru atuará em e através desse discípulo para sempre. O discípulo pode até ir a outro Guru, mas o Guru que o iniciou sempre ajudará aquele buscador no mundo interior. E, se o novo Guru é suficientemente nobre, permitirá que o Guru original aja em e através do discípulo. Embora a conexão física com o Guru original esteja cortada, e fisicamente o Guru não veja o discípulo, espiritualmente ele está fadado a ajudá-lo, pois fez uma promessa ao Supremo.

Mesmo se o discípulo não buscar outro Guru, mas simplesmente sair do caminho da Verdade, ainda assim, seu Guru original tem de manter a promessa. O discípulo pode sair do caminho espiritual por uma encarnação, duas ou mesmo muitas encarnações, mas seu Guru – esteja ele encarnado ou nas regiões superiores – constantemente olha pelo discípulo e espera pela oportunidade de ajudá-lo ativamente, quando ele uma vez mais retornar ao caminho espiritual. Na verdade, o Guru é sinceramente desapegado, mas como fez uma promessa ao discípulo e ao Supremo no discípulo, ele espera indefinidamente por uma oportunidade de conduzir o discípulo para a Meta.

Alguns dos meus discípulos que em algum momento seguiram meu caminho com toda a sinceridade também me deixaram com toda a sinceridade. Mas, se eles são meus discípulos no mundo interior, se eu já os havia aceitado e eles eram meus discípulos verdadeiros, então gostaria de dizer que não os esqueci. Eles podem levar uma, duas, cinco ou seis encarnações para retornarem à vida de aspiração, mas não importa quanto tempo levem, eu os ajudarei nas suas marchas em direção à Deus-realização.

Devido à promessa que fiz à alma do meu discípulo e a Deus, sou mais responsável por meu discípulo do que ele próprio. Mas, quem me permite assumir essa responsabilidade? É o discípulo! Estou à mercê dos meus discípulos. Agora mesmo, Deus é uma ideia vaga para eles, de modo que hoje podem me aceitar e amanhã podem me deixar. No plano exterior, o discípulo pode me deixar, mas, enquanto o Supremo desejar que eu me concentre naquela pessoa e envie Sua Luz para aquela pessoa, eu tenho de fazê-lo. Após deixar nosso caminho, o discípulo pode seguir algum outro caminho ou mesmo nenhum. Mas, uma vez que eu aceite alguém, a menos e até que o Supremo me diga que aquela pessoa está em outras mãos, eu sou responsável por ela.

Eu digo aos meus alunos, “Estou pronto para assumir todos os seus problemas, desde que você esteja pronto para sentir que é por mim e apenas por mim. Se sua dedicação fica dividida aqui e ali, nesse e naquele grupo, e se vem meditar no nosso Centro só de vez em quando, então, mesmo que diga que eu sou o seu Mestre, você me tornou impotente para fazer algo por você. Se verdadeiramente me der a sua completa existência, interior e exterior, somente então poderei fazer algo por você. É na força da minha total unicidade com você e na sua aceitação de mim que eu posso assumir os seus problemas.”

Quando um Mestre da maior grandeza diz que você tem uma relação eterna com ele, ele está falando pela força da sua absoluta unicidade com o Supremo e com a sua alma. Ele sabe que você estará sempre sob sua orientação interior. E quando realizar o Altíssimo, verá que a suprema Consciência que realizou é a mesma Consciência que o Mestre representou na Terra. Um verdadeiro Mestre espiritual incorpora a infinita Consciência do Supremo e a representa na Terra.

Quando o Mestre fala de uma relação eterna, trata-se de uma relação de aceitação mútua. O Mestre não diz, “Quer você esteja consciente disso ou não, eu manterei minha eterna conexão com você e seremos eternamente um.” Não, se o Mestre tem verdadeiramente a capacidade de estabelecer essa eterna relação com o discípulo, então ele também tem a capacidade de fazer o discípulo sentir que ele o fez. O Mestre oferece essa mensagem para a alma do buscador, e o buscador sente que sua conexão interior com seu Mestre durará para sempre. Então, com sua extrema doçura, carinho, compaixão, gratidão e orgulho, o Mestre aceita o discípulo de todo o coração e permanentemente. E o discípulo tem o mesmo sentimento pelo Mestre; ele sente que seu Mestre não é uma entidade separada, mas sim ele mesmo, o próprio discípulo. Ele sente que o mais elevado, o qual chama de Mestre, é sua própria parte mais iluminada. Quando tem esse tipo de sentimento, essa espécie de realização, então a relação eterna entre Mestre e discípulo poderá ter o seu início.

A relação eterna entre o Mestre e o discípulo possui relevância somente no caso de um Mestre realizado. Se o Mestre não é completamente realizado, então está só enganando o discípulo. Há muitos Mestres que não realizaram Deus e ainda assim dizem, “Oh, nós temos uma eterna conexão. Tomarei conta de você, mesmo após eu ter deixado o meu corpo.” Quando esse tipo de Mestre deixa o corpo, o discípulo poderá chamar por seu Mestre constantemente, mas não obterá resposta. Mesmo no plano físico esse tipo de Mestre é sem utilidade. Ele só pode fazer falsas promessas.

O principal objetivo da iniciação é trazer a alma à tona. Se não há iniciação, a purificação do corpo, do vital, da mente e do coração nunca poderá ser completa. Se não há iniciação, a Meta altíssima nunca poderá ser realizada. Os que são próximos de mim sentiram o real florescimento de suas iniciações no momento que, do fundo do coração, dedicaram ao Supremo em mim suas vidas por completo – corpo, vital, mente, coração e alma. Esse florescimento da iniciação é verdadeiramente mais do que iniciação. É a revelação da própria divindade interior dos discípulos. Nesse momento, eles sentem que eles e seu Guru se tornaram totalmente um. Sentem que seu Guru não possui existência sem eles e que eles não têm existência sem seu Guru. O Guru e o discípulo se completam mutuamente e sentem que essa satisfação vem diretamente do Supremo. E o maior segredo que o discípulo aprende do Guru é que somente satisfazendo o Supremo primeiro pode ele trazer plenitude ao resto do mundo.

Como pode o Guru satisfazer ao Supremo? O Guru faz a sua parte assumindo a ignorância, imperfeição, obscuridade, impureza e indisposição do discípulo, conduzindo-as com fé e devotadamente ao Supremo. O discípulo satisfaz ao Supremo permanecendo constantemente no barco do Guru e no mais profundo recesso do coração dele, sentindo que existe somente para a satisfação divina de seu Mestre. Satisfazê-lo, manifestá-lo: essa é a única razão, o único propósito, o único significado da vida do discípulo.