A Profundidade e o Poder Terapêutico dos Livros Impressos em Uma Era Digital

Nos cursos de meditação, sempre recomendamos aos alunos que tenham um livro impresso que fala do aprendizado. Não fazemos isso para aumentar as vendas dos livros, mas sim para servir as pessoas. É bastante conhecido que temos sido afetados pela leitura digital (ou pela falta de leitura, no caso dos vídeos).

O mestre espiritual Sri Chinmoy nos ensina que uma vibração sutil, que chamamos de consciência, fica armazenada no papel, e que o digital não consegue retê-la da mesma forma, pelo menos. A leitura no papel seria, portanto, mais proveitosa de todas as formas.

Psicologicamente falando, a leitura no papel faz com que deixemos de lado 99% das coisas externas, para nos concentrarmos na leitura e nos mundos que cria dentro de nós, na velocidade que é adequada para a nossa compreensão e visualização da imagem que o texto cria. Já os vídeos e áudio oferecem muito mais informação no mesmo período de tempo, sobrecarregando nossa faculdade de interpretação e fazendo que que deixemos de lado muita informação, como se estivéssemos correndo atrás do tempo. Fizemos uma pesquisa breve e compilamos o resultado abaixo, para quem quiser compreender melhor como é importante ter o livro impresso para ler.

Introdução

Em uma época onde o digital predomina, os livros impressos continuam a oferecer uma experiência singular e imersiva. A ascensão dos e-books e do conteúdo em vídeo alterou significativamente nossos padrões de leitura, mas a importância dos livros impressos permanece inabalável. Este artigo explora os benefícios terapêuticos e cognitivos únicos da leitura de livros impressos, enfatizando sua relevância contínua em uma era dominada pelo digital.

Benefícios Terapêuticos da Leitura de Livros Impressos

A leitura de livros impressos oferece benefícios terapêuticos notáveis. Fernando Gomes Pinto, neurologista, observa que a literatura estimula o cérebro de maneira abrangente, proporcionando uma forma de escapismo saudável. Ela permite que os leitores desviem sua atenção de realidades estressantes, como a pandemia, e mergulhem em mundos tranquilizadores. Essa imersão lenta e profunda em um livro impresso oferece um contraponto necessário à velocidade frenética e à natureza fragmentada do consumo de mídia digital.

Dante Gallian, com uma vasta experiência em literatura, vê os livros como refúgios essenciais da realidade. Em tempos de crise, os livros proporcionam um espaço de repouso e fuga, oferecendo um alívio do ritmo acelerado e muitas vezes desumanizador da vida moderna.

Impacto Cognitivo e Emocional

Cressida Cowell, autora da série “Como Treinar Seu Dragão”, destaca os “três poderes mágicos” da leitura: criatividade, inteligência e empatia. Além de ser um fator-chave para o sucesso financeiro futuro, a leitura por prazer também promove um enriquecimento emocional e cognitivo significativo.

Maryanne Wolf, especialista em neurobiologia da leitura, explica como a leitura muda o funcionamento do cérebro. À medida que as crianças evoluem da decodificação para a leitura fluente, a rota dos sinais no cérebro muda, facilitando a integração de sentimentos e pensamentos. Isso ressalta a importância da leitura profunda, que envolve fazer analogias, inferências e reflexões críticas.

Comparação entre Leitura Impressa e Digital

Anne Mangen, liderando a E-READ, discute a “inferioridade na tela” em comparação com a leitura de livros impressos. Ela observa que, embora a leitura digital seja adequada para conteúdos breves e menos desafiadores, a compreensão e a retenção de informações sofrem quando se trata de textos mais complexos e emocionalmente desafiadores. A leitura em tela tende a ser mais fragmentada e menos imersiva, o que pode impactar negativamente a capacidade de análise crítica e de empatia.

Maryanne Wolf ecoa essa preocupação, salientando que o modo como lemos – seja digitalmente ou através de livros impressos – tem implicações profundas. O “volume” de informações disponíveis digitalmente promove uma leitura superficial, enquanto a leitura profunda, característica dos livros impressos, envolve uma utilização mais extensa do nosso córtex cerebral.

Leitura Profunda versus Leitura Superficial

A leitura profunda, uma prática mais comum com livros impressos, é um processo que envolve engajamento cerebral completo, incentivando o leitor a fazer conexões, analogias e inferências. Este tipo de leitura promove a reflexão crítica e a empatia, permitindo uma compreensão mais profunda do texto e de suas implicações. Em contraste, a leitura superficial, muitas vezes associada à leitura digital, tende a ser rápida e menos envolvente, o que pode levar a uma compreensão mais rasa e uma menor retenção de informações.

Implicações para a Concentração, Ansiedade e TDAH

A leitura de livros impressos também tem implicações importantes para questões como concentração, ansiedade e TDAH. A natureza imersiva da leitura impressa pode ajudar a melhorar a concentração e a atenção, oferecendo uma pausa do estímulo constante e da distração presentes nos meios digitais. Além disso, como uma forma de biblioterapia, a leitura de livros impressos pode ser uma estratégia eficaz para gerenciar a ansiedade, proporcionando um refúgio calmo e um meio de escapar de preocupações cotidianas.

Conclusão

A era digital trouxe muitos avanços e conveniências, mas também desafiou a prática tradicional da leitura. Os livros impressos oferecem uma experiência única, que vai além da absorção de informações – eles nos convidam a mergulhar em mundos complexos, enriquecendo nossa empatia e expandindo nossa compreensão do mundo. Umberto Eco resumiu perfeitamente: “Quem lê, terá vivido 5 mil anos. Ler é uma imortalidade retroativa”. Ao preservar e valorizar a leitura de livros impressos, abrimos a porta para experiências profundas e transformadoras que transcendem as limitações do nosso tempo e espaço digital.