Como começo a meditar?

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Como começo a meditar?

Sri Chinmoy: Primeiro de tudo você deve ler alguns livros espirituais para obter inspiração. Eles não devem ter sido escritos por Mestres espirituais verdadeiros, e não por professores espirituais falsos ou aspirantes que ainda estão no caminho e não alcançaram iluminação. Livros e escrituras espirituais dirão a você como disciplinar sua vida mental e fisicamente até certo ponto. Você pode obter ajuda desses livros por alguns dias ou meses.

Então você perceberá que o seu conhecimento acadêmico da meditação não lhe basta. Você desejará a experiência sólida de meditação. Cada pessoa precisa da sua meditação própria. Se você quiser ir até o fim da estrada e alcançar a sua Meta interior, necessitará da meditação verdadeira da sua alma. Essa meditação o auxiliará a chegar na Meta destinada. Você precisará de um professor espiritual, um Mestre que poderá lhe dar uma meditação de acordo com as qualidades da sua alma. O mestre consegue interiormente dizer ao buscador sobre a sua meditação, ao contatar a sua alma para que venha à tona e dizendo através dela como meditar. Se um Mestre espiritual concede uma meditação, essa meditação é certamente a melhor meditação que o aspirante poderia ter.

Se você não tiver um Mestre, deverá mergulhar fundo dentro de si e obter sua meditação dos recônditos mais profundos do seu coração. A meditação que lhe proporcionar a maior alegria ou uma alegria contínua será a melhor meditação para você. Nem todos terão a mesma meditação. Sua meditação não será boa para mim, e a minha meditação não será boa para você. Você gosta de um certo tipo de comida, e eu, não. Você está certo da sua maneira, e eu estou certo da minha. Todavia, uma vez que saiba qual é a sua melhor meditação, comprometa-se com ela. Na sua mente ou no seu ser aspirante, tente formular algumas meditações. Hoje você pode tentar uma forma, e outra forma amanhã. Se você tem sete tipos de meditação, poderá tentar uma a cada dia. Ao final de uma semana, aquela que lhe trouxe mais satisfação ou alegria duradoura é a sua melhor meditação.

Mesmo se não quiser estudar livros espirituais e não quiser um Mestre espiritual, primeiro de tudo mantenha sua mente calma e silenciosa e permita que a alma conte à mente as coisas que precisa. Se a mente estiver tranquila, poderemos receber a luz da alma na mente. A luz entra na mente também através do coração. Quando meditamos em grupo, fazemos esse tipo de meditação.

Busca crescente pela meditação

Você pode nos falar sobre por que há uma atração crescente pela meditação na América?

Sri Chinmoy: As pessoas têm demonstrado interesse considerável pela meditação justamente porque não estão satisfeitas com o que têm e o que são. Elas querem algo mais significativo e frutífero em suas vidas. Elas tentaram de todas as maneiras possíveis obter essa coisa, mas infelizmente não a obtiveram ou alcançaram. E portanto sentem agora que a meditação é a resposta. As pessoas estão tentando explorar a meditação para terem alguma satisfação na vida.

 

Como esvaziar a mente

Esvaziemos a mente

por Sri Chinmoy

Agora tentaremos esvaziar a mente. Certamente, é a tarefa mais difícil, mas o faremos. Nossa mente fez amizade com pensamentos abundantes. Esses pensamentos são insalubres, inadequados, não aspirantes e não divinos. No momento que o nosso coração-aspiração elimina um pensamento, para sua surpresa, um novo pensamento surge imediatamente. Parece que somos forçados a jogar um jogo sem fim.

Mas há um outro jogo, o jogo da força de vontade. Herdamos esse jogo do nosso Pai, o Senhor Supremo. Quando jogamos esse jogo, transformamos nosso mundo-pensamento no mundo-força-de-vontade.

De onde obtemos essa força de vontade? Obtemos do nosso mar-tranquilidade. Onde adquirimos esse mar-traquilidade? Obtemos ele do sol-liberdade e céu-unicidade da nossa vida.

Um homem de força de vontade encara todas as tempestades e intempéries da vida. Ele sabe que não é o corpo terra-limitado, mas sim a alma Céu-liberta. Ele também sabe que não é um escravo da sua natureza, mas também um instrumento supremamente escolhido do seu Piloto Interior, seu Amado Supremo. O que ele realmente tem e verdadeiramente é é a chama-aspiração, e essa chama-aspiração o faz sentir sempre Céu-liberto. Ele está no mundo, é verdade; mas ele não é do mundo. Ao mesmo tempo, ele sabe que existe para o mundo, para a transformação do mundo e para a manifestação de Deus em e através do mundo. Ele é sempre por este mundo.

Esvaziemos a mente. No vazio da nossa mente estará a Paz da Infinitada, a Luz da Eternidade e o Deleite da Imortalidade. Esvaziemos a mente.

Concentração

por Sri Chinmoy

Na vida espiritual, temos de usar a nossa concentração todo o tempo, a cada segundo. Se não sabemos nos concentrar, ficamos perdidos; é o nosso fim. Podemos meditar por dez horas, mas não teremos qualquer resultado satisfatório.

Concentração é a nossa atenção completa ou integral em algo em particular. Focamos nossa atenção num objeto ou tema e esquecemos completamente do resto do mundo. Não permitimos que o resto do mundo adentre a nossa mente. Apenas nós e o objeto da nossa concentração existem. Quando não há uma terceira pessoa diante de nós ou ao nosso redor, isso é concentração.

 

O que é meditar para mim

Pelos textos de Sri Chinmoy, sei que meditar é várias coisas: um processo de identificação, um mergulho fundo, um voo alto, uma forma de ouvir Deus. E é muito mais, de acordo com a sua capacidade de meditar. Um instrumento para se tornar Deus.

Sou iniciante na meditação, acredito sinceramente, apesar de ter praticado sem falta por dezoito anos hoje. Hoje é domingo, então resolvi fazer uma meditação de uma hora no fim da tarde.

Cada vez que olho para a foto de Sri Chinmoy ao meditar – eu medito na foto do meu Mestre, que é uma das formas mais tradicionais de meditação – sinto algo mais vivo, mas próximo. Vou descrever minha meditação com essa referência, da foto. Mas é certo que outras pessoas devem ter experiências similares de outras formas.

 

Às vezes a foto parece tão viva – mais viva do que eu.

Mais viva do que qualquer coisa, na verdade, no sentido de que consciência define vida. Ela é mais consciente do que as coisas vivas que costumo enxergar.

 

Às vezes ela é tão profunda, vasta.

Meditar nela é como um salto, um pulo num poço à la Alice no País das Maravilhas – como se pudesse mergulhar lá em queda livre por dias sem alcançar o fundo.

 

Às vezes é tão elevada, sublime.

Observá-la é como lembrar-se da sua Meta altíssima.

 

Às vezes a foto parece se preocupar, cuidar de mim.

Isso foi, inclusive a minha primeira experiência ao ver a foto de Sri Chinmoy dezoito anos atrás. Ela era muito séria, rigorosa, e parecia se importar profundamente com o rumo que eu dava para a minha vida. Eu sentia que ela queria que eu tivesse a melhor vida possível e, ao mesmo tempo, que ela sabia que eu não sabia como fazer isso. E percebi que, com o passar do tempo, as coisas que deveria fazer ou me tornar para ter essa vida foram-me sendo ensinadas, na maior parte do tempo, a partir do interior.

Introdução à meditação, parte 4 – largando para trás o bom por algo melhor ainda

The light in the heart of man

Can easily guide

The eyes of man.

 

A luz no coração do homem

Pode facilmente guiar

Os olhos do homem.

 

-Sri Chinmoy

 

 

Hoje estava meditando e tive diversos pensamentos bons e agradáveis no início da meditação. Por sorte ou Providência, imediatamente lembrei do que Sri Chinmoy fala sobre os pensamentos durante a meditação:

 

” A melhor coisa é procurar não permitir que nenhum pensamento entre na sua mente, seja ele bom ou ruim. Seria como se você estivesse no seu quarto e alguém batesse à sua porta. Você não sabe se se trata de um amigo ou de um inimigo. Os pensamentos divinos são os seus verdadeiros amigos, e os pensamentos não-divinos são os seus inimigos. Você gostaria de deixar seus amigos entrarem, mas não sabe quem eles são. E, mesmo que saiba, ao abrir a porta para eles, talvez veja seus inimigos ali também. ” (continua no fim do artigo)

 

Mesmo bons pensamentos o distraem da sua meditação. Tentei render, entregar esses bons pensamentos ao Supremo durante a meditação. Pensei algo como “Pode ficar com isto, e por favor me dê aquilo que Você queira me dar.” A meditação foi muito melhor!

 

Isso me fez lembrar também coisas “boas” que deixei para trás durante a vida, numa analogia à essa experiência. Estava fazendo faculdade, mas a abandonei para poder aproveitar oportunidades únicas na minha vida espiritual. Não me fez falta alguma. Tinha uma namorada, mas chegamos à conclusão que seria melhor nos separar para que cada um pudesse buscar as coisas da vida que considerasse mais importante. Foi um presente – eu nunca imaginaria o quão importante e de quanto auxílio essas decisões foram na minha vida espiritual. Na época eu não achava essas coisas ruins – elas eram boas -, mas tinha algo melhor ainda. Há uma outra parábola a se contar:

 

Um lenhador se embrenhou numa floresta, até que encontrou árvores de sândalo. A casca dessa árvore é muito valiosa. Ele pensou: “fiquei rico!”. Mas, em seguida, pensou: “Se aqui tem sândalo, será que não há algo mais valioso ainda mais adiante?”

Ele seguiu em frente, e encontrou prata. E seguiu mais em frente, e encontrou ouro. E seguiu mais em frente e encontrou diamantes.

Sândalo, ouro e almíscar – nossa busca espiritual

 

Sri Chinmoy sobre a importância de afastar os pensamentos durante a meditação

O ideal durante a meditação seria que rejeitássemos todos os pensamentos?

A melhor coisa é procurar não permitir que nenhum pensamento entre na sua mente, seja ele bom ou ruim. Seria como se você estivesse no seu quarto e alguém batesse à sua porta. Você não sabe se se trata de um amigo ou de um inimigo. Os pensamentos divinos são os seus verdadeiros amigos, e os pensamentos não-divinos são os seus inimigos. Você gostaria de deixar seus amigos entrarem, mas não sabe quem eles são. E, mesmo que saiba, ao abrir a porta para eles, talvez veja seus inimigos ali também.

Então, antes que seus amigos possam passar pela entrada, seus inimigos também entrarão. Pode ser até que você não perceba nenhum pensamento que não seja divino. No entanto, enquanto os pensamentos divinos estão entrando, os não-divinos, como ladrões, vão entrar em segredo e causar uma enorme confusão. Uma vez que tenham entrado, será muito difícil expulsá-los. Para tanto, você precisará da força de uma disciplina espiritual sólida. Por quinze minutos, você pode acalentar pensamentos espirituais e então, num mísero segundo, um pensamento não-divino pode aparecer. Portanto, a melhor coisa é não permitir nenhum pensamento durante a meditação. Apenas mantenha a porta trancada por dentro.

Seus verdadeiros amigos não irão embora. Eles vão pensar: “Ele não está bem. Geralmente ele é tão gentil conosco. Deve haver alguma razão especial para ele não abrir a porta”. Eles têm uma unicidade compreensiva, de modo que irão esperar indefinidamente. Entretanto, os seus inimigos vão aguardar só por alguns minutos. Então, perderão toda a paciência: “Está abaixo de nossa dignidade perder o nosso tempo aqui”. Esses inimigos são orgulhosos. Eles dirão: “E daí? Quem precisa dele? Vamos embora para atacar outra pessoa”. Se você não der atenção a um macaquinho, ele no fim das contas irá embora e morderá outra pessoa. Mas os seus amigos dirão: “Precisamos dele, e ele precisa de nós. Vamos esperar por ele indefinidamente”. Depois de alguns minutos, os seus inimigos irão embora. Você poderá abrir a porta e seus queridos amigos estarão ali, a sua espera.

Se você meditar com assiduidade e devoção, depois de algum tempo ficará forte interiormente. Então será capaz de acolher os pensamentos divinos e expulsar os não-divinos. Se estiver recebendo um pensamento de amor divino, paz divina ou poder divino, deixará que ele entre e você e se expanda. Você vai deixá-lo brincar e crescer no jardim da sua mente. Enquanto você e o pensamento estiverem brincando juntos, você perceberá que está se tornando esse pensamento. Cada pensamento divino que você deixa entrar cria um mundo novo e satisfatório, bem como preenche todo o seu ser com divindade.

Depois que tiver meditado durante alguns anos, você terá força interior suficiente para deixar que entrem até mesmo os pensamentos não-divinos. Quando um pensamento não-divino vier até a sua mente, você não vai rejeitá-lo, mas sim transformá-lo. Quando alguém que não é divino bate à sua porta, se você tiver força suficiente para exigir que ele se comporte bem ao entrar, então poderá abrir a porta. Finalmente, você terá de aceitar o desafio e vencer esses pensamentos inadequados. Caso contrário, eles voltarão a incomodá-lo repetidas vezes.

Você precisa ser um oleiro divino. Se o oleiro tiver medo de tocar na argila, então a argila nunca mudará, e ele não será capaz de oferecer nada para o mundo. Contudo, se não tiver medo, poderá transformá-la em algo belo e útil. É seu dever inevitável transformar pensamentos não-divinos, mas só quando puder fazer isso com segurança.

 

Sou um iniciante na meditação e acho que não consigo controlar meus pensamentos. Como posso tornar a minha meditação bem-sucedida?

Se você estiver começando agora, procure deixar que entrem apenas pensamentos divinos, e não pensamentos que não sejam divinos. É melhor não ter nenhum pensamento durante a meditação, mas é quase impossível para um iniciante não pensar. Portanto, você pode começar com bons pensamentos: “Quero ser bom, quero ser mais espiritual, quero amar mais a Deus, quero viver só para Ele”. Deixe que essas ideias cresçam dentro de você. Comece com uma ou duas ideias divinas: “Hoje serei completamente puro. Não vou permitir que nenhum pensamento mau, mas apenas a paz, entre em mim”. Ao permitir que um pensamento divino cresça dentro de você, verá imediatamente que a sua consciência muda para melhor.

Comece com propósitos divinos: “Hoje quero sentir que sou realmente um filho de Deus”. Isso não deve ser um mero sentimento, mas sim uma realidade. Imagine que a Virgem Maria está segurando Cristo em seus braços. Sinta que a Mãe Divina está acalentando você nos braços dela, como um bebê. Sinta: “Eu realmente quero ter luz-sabedoria. Quero caminhar com meu Pai. Aonde quer que Ele vá, quero ir junto. Receberei luz Dele”.

Algumas pessoas não têm esses tipos de propósitos. Não surgem ideias e pensamentos criativos. Tudo o que há é um vácuo. Talvez você pergunte o que é melhor: ter várias mensagens bobas ou nenhuma mensagem na mente. Todavia, existe uma maneira de negativa, inconsciente de meditar, que não tem vida. Essa não é a mente silenciosa. Ela não é produtiva. Na meditação de verdade, a mente fica em silêncio, mas, ao mesmo tempo, consciente.

 

Estou muito orgulhoso da minha mente. Por quê? Porque ela começou a apreciar coisas singelas: um pensamento simples, um coração puro, uma vida humilde.

 

Houve um tempo em que eu o amava, ó meu mundo-pensamento. Mas agora eu amo a beleza de uma mente-silêncio e a pureza de um coração-gratidão.

 

Introdução à meditação, parte 1 – porque e como começar

 

Um coração devotado

Descobriu uma verdade suprema:

Meditar em Deus

É um privilégio,

E não um dever.

Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, part 9, Agni Press, 1981

 

 

Começamos a meditar por diversos motivos, mas a nossa humildade e simplicidade nos lembra que a meditação é foi algo que nos foi dado, um privilégio, e não um dever ou fruto de nossa inventada “superioridade” intrínseca. Essa percepção mostraria apenas o quão bem ou mal sucedidos temos sido em nossa meditação.

 

Também, nas últimas décadas, algumas pessoas buscaram a meditação como uma fuga – um escape dos problemas psicológicos internos, um alívio às tensões do dia. Essa meditação não será profunda e não nos levará longe. Acho bem possível que você não encontrará um único texto milenar ou mesmo do século passado introduzindo o conceito de que a meditação é para relaxar ou para tratamento de saúde.

 

Outras pessoas buscam a meditação porque elas precisam meditar. Elas precisam meditar, e não de algo que a meditação possa trazer como resultado. É um impulso interior. É algo que o impele a buscar e o inspira a superar obstáculos para começar a meditar. É um anseio concedido por Deus ao buscador.

 

Uma introdução prática à meditação

 

Para começar a meditar, sente-se num lugar o mais afastado possível de outras interferências, dentro de casa.

 

Respire fundo algumas vezes, mas sem tensão, sem fazer força. A cada respiração, diminua o ritmo geral. Isso ajuda a trazer uma certa disciplina para a mente.

 

Mas a meditação profunda não acontece na mente, pois ela mesma é superficial. Ela acontece a partir do coração espiritual, onde mora a sua alma.

 

Para meditar no coração espiritual, sinta que você é esse coração. Sinta que a sua verdadeira essência mora no o lugar para onde aponta quando diz “eu”. Com os olhos entreabertos para não ficar sonolento, foque a sua concentração num ponto.

 

Esse ponto pode ser algo pequeno, mas recomenda-se algo que lembre e traga a tona o seu coração espiritual e lembre-o da sua alma, sua divindade interior. Pode ser uma flor (com a sua beleza e perfeição), uma chama de vela (com a sua luz e vontade de se elevar) ou uma foto ou estátua do seu Mestre espiritual (que representa e incorpora a sua própria meta final).

 

Observe a partir do seu coração, como se seus olhos estivessem lá e seu olhar viesse do meio do seu peito. Isso ajuda a sair dos processos mentais.

 

Agora tente se identificar com o objeto da sua concentração. Sinta que você e ele são uma coisa só. Esse é o poder do coração: o poder de identificação, unicidade.

 

Sinta que você

e a beleza da flor,

o anseio da chama,

a iluminação do Mestre

são um ser só.

 

Como tudo que vale a pena, pratique todos os dias, sem nunca faltar (nunca mesmo), num horário fixo, duas vezes ao dia e de preferência antes das seis horas da manhã e antes de dormir, com a luz sempre acesa.

 

O resultado será algo que você nunca viu nem ouviu falar antes, pois terá uma experiência intrinsecamente pessoal; estará fazendo algo que só você consegue fazer, que é meditar no seu próprio coração, na sua própria alma.

 

“A meditação nos dá uma vida espontânea e natural, tão espontânea e natural que não podemos nem mesmo respirar sem ficarmos conscientes da nossa divindade.”

Sri Chinmoy, Meditation: man’s choice and God’s Voice, part 1, Agni Press, 1974

 

Leia mais em:

 

Meditação é algo natural

Meditação é uma coisa tão simples e natural

 

Meditação para iniciantes

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Dicas para meditar 6: Madre Teresa fala sobre como aprender meditação em silêncio e oração

Sri Chinmoy e Madre teresa em Roma

 

Madre Teresa fala sobre como aprender meditação em silêncio e oração

 

Acompanhando os escritos de Sri Chinmoy, vejo que ele costuma se referir informalmente à vida espiritual como “oração e meditação”. Uma oração elevada e entregue é como uma meditação em Deus.

 

Aqui separamos alguns textos da Madre Teresa, amiga de longa data de Sri Chinmoy, com quem compartilhava também o aniversário de nascimento em 27 de agosto. Nesses textos, vemos trechos de seus comentários sobre aprender a meditar e orar em silêncio.

 

 

***

 

 

Somos chamados em certos intervalos a nos recolher em um silêncio mais profundo e solidão com Deus, tanto juntos em comunidade quanto de forma solitária. Estar sozinho com Ele, não com nossos livros, pensamentos e lembranças, mas completamente despidos de tudo, habitando amorosamente em Sua presença – em silêncio, vazio, aguardo e imobilidade.

 

Se realmente queremos aprender a orar, devemos primeiro aprender a ouvir, pois é no silêncio do coração que Deus fala.

 

Os contemplativos e ascetas de todas as eras buscaram Deus no silêncio e solidão do deserto, floresta e montanha.

 

Ouça em silêncio, pois se o seu coração estiver repleto de outras coisas, você não conseguirá ouvir a voz de Deus. Mas quando você ouve a voz de Deus no silêncio do seu coração, o seu coração fica repleto de Deus. Isso exigirá muito sacrifício, mas, se realmente quisermos aprender a orar e quisermos orar, devemos estar prontos para fazê-lo agora.

 

O homem necessita de silêncio. Estar sozinho ou junto, buscando Deus em silêncio. É então que acumulamos o poder interior que distribuímos em ação, no menor dos deveres e nos mais duros desafios que enfrentamos.

 

Ter silêncio interior é muito difícil, mas precisamos tentar. No silêncio encontramos nova energia e uma verdadeira unicidade. A energia de Deus será nossa para tudo fazermos bem.

 

É difícil orar quando não sabemos orar. Precisamos nos ajudar a aprender. O mais importante é o silêncio.

 

Precisamos encontrar Deus, e Deus não pode ser encontrado no barulho e inquietação.

 

Não conseguimos nos colocar diretamente na presença de Deus sem nos colocarmos em silêncio interior e exterior. É por isso que devemos nos acostumar com o silêncio da alma, dos olhos, da língua.

 

Tudo começa com a oração que nasce no silêncio dos nossos corações.

 

Do livro “Tudo começa com a prece”

Tudo começa com a prece – livro inspirador da Madre Teresa

Dicas para meditar 5: porque meditar?

Dicas para meditar: porque meditar?

“O Reino dos céus assemelha-se a um tesouro escondido no campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o novamente. Então, transbordando de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele terreno. …

Não acumuleis para vós outros tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde ladrões arrombam para roubar. Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem podem destruir, e onde os ladrões não arrombam e roubam. …” Jesus Cristo, o Novo Testamento

 

Se me perguntassem por que motivo eu comecei a meditar, diria que foi porque vi um cartaz na universidade dizendo “curso de meditação gratuito“.

 

Mas, se me perguntassem por que eu tive interesse, por que eu quis ir nesse curso, eu não sei explicar. Eu só sabia que tinha que ir, sem nenhuma explicação.

 

Quando ouvimos as histórias dos Mestres espirituais, cedo ou tarde nos conciliamos com uma certa inevitabilidade, que somos escolhidos à Hora de Deus para realizar alguma coisa. Para mim, teve a Hora para começar a meditar, o que levou-me a encontrar a minha vida espiritual.

 

Ontem estava lendo histórias sobre a infância do meu Mestre, Sri Chinmoy, no Ashram de Sri Aurobindo. Ele contou uma história que, simplificadamente e com possíveis erros de lembrança da minha parte, era assim: um jovem rapaz foi comprar um sapato numa loja. O lojista embrulhou o calçado em jornal. Chegando em casa, ele abriu o jornal e se deparou com um artigo de Sri Aurobindo, com a sua foto. Foi o que bastou. Ele foi para Pondicherry encontrar-se com essa “pessoa” que, num piscar de olhos, passou a ser a coisa mais importante no mundo dele. Ele deixou tudo que tinha na vida – fama, posses, escolaridade – e se tornou um dos principais discípulos de Sri Aurobindo.

 

 

O nome de um Mestre espiritual realizado possui um poder imenso. Costumo me referir ao meu próprio Mestre como Guru, de forma muito carinhosa e próxima, mas quando ouço seu nome “Sri Chinmoy”, sinto que ali há um tesouro inigualável. Foi essa sensação que me inspirou a escrever, e também me fez lembrar da citação do Cristo que abre o artigo. Nesses dias, lendo as histórias de Sri Chinmoy, tive uma sensação profunda de satisfação, como se o fato de eu ter ele fosse a única coisa que importasse. Quando você tiver um Mestre realizado, terá essa mesma sensação, da sua própria forma e na sua própria hora, é claro.

 

Sri Chinmoy não espera do seus alunos que abdiquem do mundo formalmente, mas a nossa postura deve sim ser a de que a prioridade é o progresso espiritual, sendo que o progresso material serve apenas como base para o interior, nunca como uma meta por si só. Vemos o divino em tudo, em todas as coisas, e tentamos priorizar a busca por aquilo onde esse Divino está manifestado de forma mais presente e evidente.

 

Foi por isso que comecei a meditar. E você, por que vai começar a meditar?

Dicas para meditar 4: Meditação é uma coisa tão simples e natural

 

A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.

Sri Chinmoy

 

Dicas para meditar 4: Meditação é uma coisa tão simples e natural

 

Alguns anos atrás uma escritora do Vida Simples participou do nosso curso de meditação e escreveu uma matéria para a revista impressa. Uma amiga minha que também é jornalista reencontrou essa matéria e, pensando no nome “Vida Simples”, me veio o pensamento de que eu poderia retribuir, escrevendo agora eu sobre a como aprender a meditação e abordando o seu aspecto de “simples e natural”.

 

Meditação é muita coisa para muita gente. Para mim, meditação não é técnica. Meditação não se aprende lendo, e eu não posso ensinar para ninguém. Meditação é um anseio interior, que Sri Chinmoy costuma chamar de aspiração. Quando você dá um espaço para a sua meditação acontecer, para a sua aspiração mergulhar (é uma boa figura de linguagem), aí é que você entende o que é meditar. Mesmo uma meditação de um minuto, contanto que seja genuína, faz você levantar do lugar onde estava sentado uma pessoa completamente diferente do que a pessoa que se sentou lá.

 

Quando essa aspiração começa a se manifestar com frequência na vida de uma pessoa, ela se torna uma buscadora – buscadora da Verdade, da Luz, da Perfeição.

 

Agora pensemos. Verdade, Luz, Perfeição escritas assim, com inicial maiúscula… são coisas fáceis de se obter? Um diploma universitário, amigos, bens, são coisas bem simples de se obter. Basta dedicar alguns anos da sua vida. Mas, e o que você faz com isso? Isso lhe traz mais para perto da Verdade, Luz e Perfeição – ou para longe?

 

É por isso que a frase de Sri Chinmoy que abre o artigo é tão genial: “A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.”

 

Se você quer alcançar uma meta elevada, precisa de foco e dedicação. Precisa também de tempo e energia. Uma vida simples pode proporcionar isso a você. Mas como saber o que é importante e deve ser valorizado e o que é um estorvo e deve ser transformado? Cada um pode dizer diferentes coisas, mas quem está certo?

 

O silêncio do seu coração vai lhe mostrar. De repente, coisas que não queria fazer começam a parecer interessantes. Coisas que gostava de fazer repentinamente passam a parecer tão vazias, sem sentido. Seus amigos mudam, sua casa muda, suas roupas mudam, tudo muda. Como meditar? Você vai aprender também! A técnica que funciona melhor, o melhor professor, tudo vai aparecendo uma hora ou outra.

 

Uma vez que você começa a praticar a meditação (ou outra prática espiritual) com sinceridade e aspiração, a sua alma vem mais à tona, e o seu “eu” buscador começa a mostrar para você o que vale a pena e o que não vale. O que leva você adiante e o que não leva. O que tem futuro e o que não tem futuro. Isso faz com que tenha a oportunidade de deixar que somente as coisas importantes fiquem na sua vida. O seu papel é ouvir o seu coração. O resultado é a Verdade, a Luz, a Perfeição.

 

O texto que abre o artigo termina assim:

“A meditação é um dom divino. Ela é a abordagem direta que leva o aspirante ao Uno de quem ele é descendente. A meditação diz ao aspirante que a sua vida humana é uma coisa secreta e sagrada, e ela afirma a sua herança divina. A meditação lhe proporciona um novo olho para enxergar Deus, um novo ouvido para ouvir a Voz de Deus e um novo coração para sentir a Presença de Deus.”

Sri Chinmoy, Meditation: man’s choice and God’s Voice, part 1, Agni Press, 1974

 

Dicas para meditação 3: Meditação é uma forma de identificação

Meditação

É a perfeita identificação

Com a plenitude.

Sri Chinmoy, Seventy-Seven Thousand Service-Trees, part 23, Agni Press, 2001

 

Dica para meditação 3: Meditação é uma forma de identificação

 

Sinto que a meditação não é uma técnica, mas talvez uma abordagem na sua disciplina espiritual. Minha disciplina espiritual começa de manhã cedo, quando medito na foto do meu Mestre, Sri Chinmoy.

 

Se você não tem um Mestre realizado, você pode meditar de outras formas, no céu ou oceano, no seu coração, na música espiritual.

 

Ele sempre nos ensinou que a melhor meditação acontece a partir do coração, e que o coração possui uma habilidade particular, que é a capacidade de identificação, de unicidade genuína.

 

Depois de uns dez ou quinze anos de meditação diária, minha meditação mudou um pouco. Um dia, em particular, tentei sentir que a minha existência e a existência do Mestre, da consciência que a foto dele traz, não são duas coisas. São uma só. Olhei para a foto e senti que eu sou aquela foto, e todas as coisas que aquela foto é eu também sou.

 

O papel de um Mestre espiritual, numa das minhas histórias favoritas de Sri Chinmoy, é justamente esse, e reproduzo um trecho da história aqui:

O Mestre falou, “Veja, agora mesmo, alguns dos meus discípulos estão molhando a grama. Há pequenas plantas por aqui.” O Mestre apontou duas plantinhas bem miúdas. Então, o Mestre pegou uma pazinha e arrancou uma delas. Pegou a planta toda, raiz e folhas, e dirigiu-se para a outra planta. Aí, também, removeu a planta inteira e substituiu-a pela primeira. Daí, pegou a segunda planta e replantou-a no lugar da primeira.

Então, o Mestre falou, “Olhe aqui. Esta planta é o homem e aquela é Deus. Agora, eu sou o Mestre. Eu cheguei aqui e toquei esta planta. Foi uma questão de minutos, poucos minutos. Tão logo a toquei, imediatamente a planta me deu a divina resposta, e eu a peguei e a coloquei lá onde a planta chamada ‘Deus’ estivera. Então, peguei a planta-Deus e obtive toda Sua Compaixão, Amor, Alegria e Deleite, e os coloquei aqui onde o homem a planta estivera. Foi uma questão de apenas poucos minutos. Levei o homem a Deus e trouxe Deus ao homem.”

 

Praticando tentar me identificar com a consciência do meu Mestre, não apenas parece que tenho mais facilidade para conseguir ter uma experiência mais completa, mas também mais profunda e transformadora. Você também pode se identificar com o céu, com o oceano, com Deus.

 

Também é possível que, durante ou depois da meditação, você sinta identificação com um certo aspecto da sua busca – você pode sentir amor intenso por Deus ou pelo seu Mestre ou pela humanidade. Mas a gama de experiências é vasta, e eu não conseguiria descrever mais do que as experiências que tive.

 

Pergunta: quando medito com o meu coração na sua foto, tenho tido dor de cabeça.

Sri Chinmoy: Você está forçando além da sua capacidade. Você sente que está meditando no seu coração, mas está sendo enganado. Você está na verdade meditando na sua mente, sem ser capaz de sentir a presença da sua mente. Se realmente meditar no coração, você terá o sentimento de identificação. Então, não importando o quão intensamente você medite, não haverá esse problema.

Por gentilea seja mais consciente. Então será capaz de descobrir que está meditando na mente. Se meditar no coração, não importa quantas horas medite ou quanta Paz, Luz e Deleite receba em seu coração, não terá dores de cabeça.

Sri Chinmoy, The mind and the heart in meditation, Agni Press, 1977

Dica de meditação 2: Quando orar parece ser melhor que meditar

Cada pensamento devotado

É uma poderosa oração.

Cada poderosa oração

É uma visão frutífera do homem

Que tenta se tornar

A própria imagem de Deus.

Sri Chinmoy, Ten Thousand Flower-Flames, part 95, Agni Press, 1983

 

Sri Chinmoy costuma sempre dizer que tanto a oração quanto a meditação são muito eficazes, e que as pessoas realizaram Deus tanto pela oração quanto pela meditação. Ainda assim, ele considera que a meditação é um pouco mais rápida, mais incondicional, e que nos traz uma maior sensação de unicidade com o Supremo. (A lógica é que, quando oramos, pedimos algo e, portanto, nos sentimos separados de Deus. Na meditação, a ideia é justamente perceber a unicidade com Ele diretamente.)

 

Mas há momentos, dias, onde fica difícil meditar direito. Principalmente durante o correr do dia, quanto por vezes muitas coisas passam pela cabeça, quando tivemos de lidar com muitas coisas diferentes. Ainda assim tentamos meditar, mas às vezes não funciona.

 

Nessas horas, se você lembrar de manter a sua mente em estado de oração, isso será uma grande ajuda. Você tem um sentimento de consagração, conversando com Deus ou com a natureza. Isso pode lhe dar uma nova perspectiva sobre a sua situação, sobre todas as coisas, na verdade, e fazer com que receba o que teria recebido da sua meditação ou então que passe a ter mais receptividade e logo tenha uma boa meditação.

 

Também é uma oportunidade para quebrar paradigmas seus, para reconsiderar o valor de cada coisa. Na oração, você faz isso de forma consciente. Na meditação, essa realização aparece espontaneamente com a prática diária.

Dica para meditação: 1 – exercícios físicos

Quando a Vontade altíssima deseja exercitar-se em e através do corpo físico, o físico deve desenvolver receptividade para que possamos devotadamente manifestar exteriormente o que temos em nosso interior.

Sri Chinmoy, Lifting up the world with a oneness-heart, Agni Press, 1988

Sri Chinmoy foi um decatleta campeão, jogador de futebol e vôlei durante a sua juventude. Mas mesmo depois do seu ápice por volta dos 30 anos, ele nunca deixou de fazer exercícios. Passou a jogar tênis, fazer corridas e ciclismo de longa distância, e mesmo aos 55 anos, quando seu joelho já não suportava a sua volumosa quilometragem diária, ele passou a fazer levantamentos de pesos de até 3100kg.

 

No caso de um Mestre espiritual realizado, tudo o que ele faz tem um motivo explícito: por ter alcançado unicidade consciente com o Divino, todas as suas ações são obras Dele, e portanto os seus motivos são motivos Dele.

 

Entretanto, quando possível e conveniente, o Mestre espiritual explica para as pessoas porque algo deve ser feito. Por exemplo, não só ele fazia, mas também pedia veementemente que todos os seus discípulos praticassem esportes diariamente. Aos que tinham mais afinidade, encorajava que treinassem bastante para se autotranscender. Aos que tinham menos, ainda assim explicava que o exercício físico é indispensável para seus alunos, não só para manter o corpo saudável, para estender a nossa vida aspirante na Terra, mas também para gerar receptividade no físico. Essa receptividade é a receptividade à luz interior. Por isso, quando fizer exercícios, se pensar conscientemente no seu propósito, isso lhe trará um grande benefício. Por que estou me exercitando?

 

A meditação também se beneficia imediatamente. Eu mesmo não tenho visão interior, mas, tendo lido os escritos de Sri Chinmoy e praticado sua filosofia, e praticado esportes – desde correr por 20 minutos de manhã cedo até fazer ultramaratonas de 10 dias – por muitos anos, posso destacar que a sua meditação melhora não pouco, mas muito, com a prática de esportes.

 

Uma coisa clara é o sentimento de inquietação mental e física. Quando você gasta a energia física, você não a perde. Ela é transmutada de energia física grosseira, inerte (açúcar, gordura, inquietação, letargia), para energia vital dinâmica (vigília, entusiasmo, determinação). Ao terminar de fazer os exercícios, muitas vezes você pode perceber como é mais fácil realizar suas tarefas domésticas, de trabalho, espirituais. Tudo fica mais fácil.

 

A mente também se beneficia muito. Aquela inquietação natural da mente é gasta no processo do exercício, sobrando um estado de vigilância positiva. É como a diferença entre um cachorro treinado e um cachorro destreinado em casa. Quem já teve cachorro em casa deve saber como é. Quando o carteiro chega trazendo correspondência, o cão destreinado morde as coisas, corre aqui e ali, late desesperado, etc. Mas não tinha motivo. O cão treinado só observa se a situação requer intervenção. Se não, ele curva seu instinto e retorna a guardar a casa contra algo que possa ser relevante. Igualmente, a nossa mente deve ser treinada a afastar as coisas ruins, e não a ficar reagindo a tudo e todas as coisas.

 

Em tempos de excesso de informação, sinto que o exercício é uma forma de purificar os padrões que criamos para a mente com tantas mídias dispensáveis. Então, tanto durante o seu dia você fica mais receptivo às coisas sutis que acontecem ao seu redor, quanto durante a sua meditação fica mais fácil se concentrar para mergulhar fundo.

 

Meditação é uma coisa tão simples e natural

livro meditacao

A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.
Sri Chinmoy, o que é meditar

Alguns anos atrás uma escritora do Vida Simples participou do nosso curso de meditação e escreveu uma matéria para a revista impressa. Uma amiga minha que também é jornalista reencontrou essa matéria e, pensando no nome “Vida Simples”, me veio o pensamento de que eu poderia retribuir, escrevendo agora eu sobre a como aprender a meditação e abordando o seu aspecto de “simples e natural”.

Meditação é muita coisa para muita gente. Para mim, meditação não é técnica. Meditação não se aprende lendo, e eu não posso ensinar para ninguém. Meditação é um anseio interior, que Sri Chinmoy costuma chamar de aspiração. Quando você dá um espaço para a sua meditação acontecer, para a sua aspiração mergulhar (é uma boa figura de linguagem), aí é que você entende o que é meditar. Mesmo uma meditação de um minuto, contanto que seja genuína, faz você levantar do lugar onde estava sentado uma pessoa completamente diferente do que a pessoa que se sentou lá.

Quando essa aspiração começa a se manifestar com frequência na vida de uma pessoa, ela se torna uma buscadora – buscadora da Verdade, da Luz, da Perfeição.

Agora pensemos. Verdade, Luz, Perfeição escritas assim, com inicial maiúscula… são coisas fáceis de se obter? Um diploma universitário, amigos, bens, são coisas bem simples de se obter. Basta dedicar alguns anos da sua vida. Mas, e o que você faz com isso? Isso lhe traz mais para perto da Verdade, Luz e Perfeição – ou para longe?

É por isso que a frase de Sri Chinmoy que abre o artigo é tão genial: “A meditação simplifica a nossa vida exterior e energiza a nossa vida interior. A meditação nos proporciona uma vida natural e espontânea, uma vida que se torna tão natural e espontânea que não podemos respirar sem estarmos conscientes da nossa própria divindade.”

Se você quer alcançar uma meta elevada, precisa de foco e dedicação. Precisa também de tempo e energia. Uma vida simples pode proporcionar isso a você. Mas como saber o que é importante e deve ser valorizado e o que é um estorvo e deve ser transformado? Cada um pode dizer diferentes coisas, mas quem está certo?

O silêncio do seu coração vai lhe mostrar. De repente, coisas que não queria fazer começam a parecer interessantes. Coisas que gostava de fazer repentinamente passam a parecer tão vazias, sem sentido. Seus amigos mudam, sua casa muda, suas roupas mudam, tudo muda. Como meditar? Você vai aprender também! A técnica que funciona melhor, o melhor professor, tudo vai aparecendo uma hora ou outra.

Uma vez que você começa a praticar a meditação (ou outra prática espiritual) com sinceridade e aspiração, a sua alma vem mais à tona, e o seu “eu” buscador começa a mostrar para você o que vale a pena e o que não vale. O que leva você adiante e o que não leva. O que tem futuro e o que não tem futuro. Isso faz com que tenha a oportunidade de deixar que somente as coisas importantes fiquem na sua vida. O seu papel é ouvir o seu coração. O resultado é a Verdade, a Luz, a Perfeição.

O texto que abre o artigo termina assim:

“A meditação é um dom divino. Ela é a abordagem direta que leva o aspirante ao Uno de quem ele é descendente. A meditação diz ao aspirante que a sua vida humana é uma coisa secreta e sagrada, e ela afirma a sua herança divina. A meditação lhe proporciona um novo olho para enxergar Deus, um novo ouvido para ouvir a Voz de Deus e um novo coração para sentir a Presença de Deus.”
Sri Chinmoy, Meditation: man’s choice and God’s Voice, part 1, Agni Press, 1974